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JUÍZES

“O nome “Juízes” remete à história de líderes militares e religiosos de Israel, entre os quais se destaca uma mulher, Débora. A época dos juízes durou 300 anos, desde a morte de Josué, sucessor de Moisés, até a instalação da monarquia em Israel. Esse período é marcado por um declínio religioso, moral e político.”



1 - DEPOIS QUE JOSUÉ morreu, o povo de Israel foi à presença do Senhor para receber instruções. "Qual de nossas tribos deverá ir primeiro guerrear contra os cananeus?," perguntaram os israelitas.

2 - Respondeu o Senhor: "Judá. Já entreguei a ele a terra."

3 - Então, os chefes da tribo de Judá pediram ajuda à tribo de Simeão. "Venham lutar junto conosco contra os cananeus, para tomarmos posse da terra que nos foi dada por sorteio sagrado," disseram. "Depois nós ajudaremos vocês a conquistar o território que receberam por sorteio sagrado." Assim o exército de Simeão foi com o exército de Judá.

4 - E o Senhor deu a eles a vitória sobre os cananeus e fereseus. Mataram dez mil soldados inimigos em Bezeque.

5 e 6 - Enquanto lutavam com os cananeus e com os fereseus em Bezeque, encontraram o rei Adoni-Bezeque e lutaram contra ele. Adoni-Bezeque fugiu. Mas foi perseguido e preso. Daí cortaram os polegares das mãos e dos pés dele.

7 - "Cortei os polegares de setenta reis, e eles comiam as migalhas debaixo da minha mesa!" exclamou Adoni-Bezeque. "Agora Deus me fez pagar do mesmo jeito!" - O rei prisioneiro foi levado para Jerusalém, e morreu lá.

8 a 11 - Judá conquistou Jerusalém, eliminou a população e pôs fogo na cidade. Depois o exército de Judá lutou contra os cananeus da região montanhosa, no Neguebe e nas planícies à beira-mar. Em seguida, marchou contra os cananeus que habitavam em Hebrom, antes da chamada Quiriate-Arba, destruindo as cidades e Sesai, Aimã e Talmai. Dali partiu contra os moradores de Debir, antes Quiriate-Sefer.

12 - "Quem quer dirigir o ataque a Debir?," desafiou Calebe. "Quem conquistar a cidade poderá casar com minha filha Acsa! "

13 - Otniel, sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe, foi quem conquistou a cidade, e casou com Acsa.

14 - Quando o casal estava para sair para a sua casa, Acsa insistiu com Otniel que pedisse ao pai dela mais um terreno, como presente de casamento. Ela desceu do burro em que estava montada, para falar com o pai sobre isso. "Que foi? Que posso fazer por você?" perguntou ele.

15 - Ela respondeu: "Quero outro presente, meu pai! A terra que o senhor me deu é um deserto. Quero uma que tenha fontes de água!" Então ele deu a ela as fontes superiores e as fontes inferiores.

16 - Quando a tribo de Judá mudou para o novo território, no deserto do Neguebe, ao sul de Arade, os descendentes do sogro de Moisés - membros da tribo dos queneus - foram junto. Deixaram os lares em Jericó, a "Cidade das Palmeiras," e as duas tribos passaram a viver juntas.

17 - Depois os exércitos de Judá e de Simeão, juntos, lutaram com os cananeus que habitaram em Zefate. Destruíram totalmente a cidade. Por isso a cidade recebeu o nome de Hormá, que significa "lugar devastado". 18 - O exército de Judá conquistou também as cidades de Gaza, Ascalom e Ecrom, e suas aldeias.

19 - O Senhor ajudou a tribo de Judá a eliminar os povos das montanhas. Entretanto, Judá não expulsou os moradores do vale, que tinham carros de ferro.

20 - Calebe recebeu a cidade de Hebrom - como tinha sido prometido. Ele expulsou da cidade os habitantes, descendentes dos três filhos de Enaque.

21 - A tribo de Benjamim não conseguiu expulsar os jebuseus que moravam em Jerusalém. Por isso eles vivem lá, misturados com os israelitas, até a data em que este livro é escrito.

22 a 26 - O exército de José, isto é, das tribos de Efraim e Manassés, por sua vez, atacou a cidade de Betel - antes conhecida pelo nome de Luz. O Senhor ajudou o exército de José. Primeiro foram uns espiões. Eles prenderam um homem que ia saindo da cidade. Fizeram a ele esta proposta: "Se você mostrar a entrada (secreta) da cidade, você não morrerá". Ele mostrou a entrada. Então os israelitas destruíram a cidade, mas deixaram que aquele homem partisse em paz com a família. Ele foi para a terra dos heteus (na Síria) e ali edíficou uma cidade que recebeu também o nome de Luz; e Luz é o nome dela até o dia em que este livro é escrito.

27 e 28 - A tribo de Manassés não pôde expulsar os habitantes das cidades de Bete-Seã, Taanaque, Dor, Ibleã, Megido, e suas respectivas aldeias; assim os cananeus permaneceram nesses lugares. Mas depois que os israelitas ficaram mais fortes, obrigaram os cananeus a trabalhar como escravos. Entretanto, não expulsaram totalmente esse povo do território.

29 - A mesma coisa aconteceu com os cananeus de Gezer: continuaram vivendo ali, junto com os israelitas da tribo de Efraim.

30 - A tribo de Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom e Naalol; os cananeus continuaram vivendo ali, mas fazendo trabalhos forçados.

31e 32 - Aser também não expulsou os habitantes de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba, Afeque e Reobe; daí os israelitas ficaram vivendo nesses lugares junto com os cananeus antigos moradores dessas terras.

33 - A mesma coisa aconteceu com a tribo de Naftali: não expulsou os habitantes de Bete-Semes e Bete-Anate; os cananeus continuaram vivendo ali, junto com os israelitas, mas como escravos.

34 - Quanto à tribo de Dã, foi forçada pelos amorreus a ficar nas montanhas; não conseguiu descer ao vale.

35 - Mas, avançando os amorreus pelas montanhas de Heres, Aijalom e Saalbim, foram derrotados pela tribo de José, e passaram a viver como escravos dos israelitas.

36 - A fronteira dos amorreus começava na ladeira de Acrabim ou "do Escorpião", ia até um ponto chamado Sela, continuando dali para cima.

Capítulo 2

Juízes 2



1 a 3 - UM DIA O ANJO do Senhor chegou a Boquim, vindo de Gilgal, e disse ao povo de Israel: "Eu trouxe vocês; do Egito a esta terra que prometi aos seus antepassados, e disse que nunca iria quebrar o meu trato com vocês. Mas isto se você fizessem a sua parte; e não assinassem nenhum tratado de paz com os moradores desta terra. Ordenei que destruíssem os altares deles. Porque vocês não obedeceram? Agora, como vocês romperam o trato, também não vou expulsar estes povos. Eles ficarão aí como espinho nos lombos de vocês, e os deuses deles serão sempre uma tentação para vocês!"

4 e 5 - O povo se pôs a chorar, ao ouvir as palavras do Anjo. Por isso aquele lugar recebeu o nome de "Boquim" (que quer dizer: "onde o povo chorou"). Depois os israelitas ofereceram sacrifícios ao Senhor.

6 - É bom lembrar que Josué tinha dispensado os exércitos de Israel. As tribos tinham ido para os seus novos territórios tomando posse deles.

7 a 9 - Josué, servo do Senhor, morreu com cento e dez anos de idade. Foi enterrado no limite das terras que recebeu como herança do Senhor, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. O povo tinha sido fiel ao Senhor durante toda a vida de Josué, como também enquanto viveram os homens idosos que tinham visto os grandes milagres que Deus tinha feito a favor de Israel.

10 - Finalmente morreram todos os que pertenciam àquela época e foram reunidos aos pais deles.

11 a 14 - Pouco tempo depois, os israelitas deixaram de servir ao Senhor e não deram atenção aos milagres feitos por Ele a favor de Israel. Abandonaram o Senhor que tinha tirado o povo de Israel do Egito! Puseram-se a servir e adorar os ídolos dos povos que viviam ali por perto. Com isso provocaram a irado Senhor! Ele deixou que os inimigos saqueassem os israelitas, porque estes abandonaram o Senhor e estavam servindo aos (falsos deuses) Baal e Astarote.

15 e 16 - Assim, o Senhor era contra os israelitas quando eles saíam para lutar contra os inimigos. Ele tinha feito advertências sobre isso e tinha prometido que agiria assim. Israel estava em grande aperto! Mas o Senhor levantou juízes que livraram Israel dos inimigos.

17 - Contudo, os israelitas não obedeceram aos juízes. Em vez disso, foram infiéis ao Senhor e adoraram outros deuses. Como se desviaram depressa da verdadeira fé que os seus pais tinham! Pois, ao contrário deles, não obedeceram aos mandamentos do Senhor!

18 - Durante toda a vida de cada juiz colocado pelo Senhor sobre o povo, o juiz - com a ajuda do Senhor - livrava o povo de Israel dos inimigos. Isso porque o Senhor tinha compaixão do povo que gemia pelo aperto e pelas opressões que sofria!

19 - Mas quando o juiz morria, o povo voltava aos mesmos erros, e ficava pior do que os seus pais, que já tinham morrido! Seguia, servia e adorava falsos deuses! Teimosamente retomava os maus costumes das nações vizinhas, e não mostrava arrependimento!

20 a 22 - Então Deus ficou de novo irado com Israel. Disse Ele: "Este povo violou o trato que fiz com os pais dele. Por isso não expulsarei os povos que ainda não tinham sido dominados por ocasião da morte de Josué. Em vez disso, usarei essas nações para pôr o meu povo à prova, para ver se obedecerá ou não ao Senhor, como fizeram os pais dele."

23 - Assim o Senhor deixou ficar ali aquelas nações: não expulsou nem permitiu que Israel destruísse nenhuma delas.

Capítulo 3

Juízes 3



1 - AQUI VAI A LISTA das nações que o Senhor deixou para provar a nova geração de Israel, que não tinha tomado parte nas guerras de Canaã. Pois o Senhor queria dar oportunidade aos jovens israelitas para aprenderem a crer e a obedecer quando lutassem para eliminar os inimigos. Os filisteus (cinco cidades), os cananeus, os sidônios e os heveus que viviam nas montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-Hermon, até a entrada de Hamate.

4 - Estes povos serviram de prova para os israelitas da nova geração - para ver se obedeceriam aos mandamentos do Senhor, dados por meio de Moisés.

5 a 7 - Portanto, Israel viveu entre os cananeus, os heteus, os heveus, os fereseus, os amorreus e os jebuseus. E em vez de destruir esses povos, houve casamentos mistos entre os israelitas e eles. Os rapazes de Israel buscavam esposas entre aqueles povos, e as moças israelitas aceitavam casamento com rapazes deles. E logo os israelitas estavam adorando os falsos deuses deles. Assim o povo de Israel praticou o mal diante do Senhor - fez rebelião contra o Senhor, Deus de Israel, e passou a servir aos Baalins e aos postes-ídolos.

8 - Então O Senhor ficou irado com Israel, e deixou que Israel fosse derrotado por Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia. Os israelitas ficaram oito anos sob o domínio dele.

9 e 10 - Mas quando Israel pediu socorro ao Senhor, Ele mandou um libertador na pessoa do sobrinho de Calabe, Otniel, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe. O Espírito do Senhor tomou controle total sobre Otniel, e ele exerceu as funções de juiz do povo de Israel, de modo que quando ele comandou as forças de Israel contra o exército do rei Cusã-Risataim, o Senhor ajudou os israelitas, e o rei da Mesopotâmia foi derrotado.

11 a 14 - Então a terra ficou em paz durante quarenta anos. Terminado esse período, Otniel morreu, e o povo de Israel voltou aos velhos erros e pecados. Mas o Senhor deu poder a Eglom, rei de Moabe, para levar Israel à derrota. Os exércitos de Eglom, ajudados por forças amonitas e amalequitas, atacaram Israel e conquistaram Jericó, a "Cidade das Palmeiras". O domínio de Eglom sobre os israelitas durou dezoito anos!

15 - Quando, porém, os israelitas clamaram a Deus por socorro, Deus levantou sobre eles um libertador - Eúde, filho de Gera, benjamita. Eúde era canhoto. Ele foi encarregado de levar à capital moabita o pagamento dos impostos cobrados de Israel por Eglom.

16 - Antes de viajar para lá, Eúde fez um punhal de dois gumes, de quase meio metro de comprimento; prendeu a arma debaixo da roupa, do lado direito da coxa.

17 a 20 - Depois de entregar o dinheiro ao rei, que por sinal era muito gordo, saiu de volta junto com os companheiros de viagem. Mas quando chegaram ao ponto onde estavam as pedras esculpidas, perto de Gilgal, Eúde voltou sozinho para falar com o rei. "Tenho uma mensagem secreta para Vossa Majestade," disse. Eglom, pedindo silêncio, fez sair todos os que estavam com ele. O rei estava sentado numa sala agradável para os dias de calor, de uso exclusivo dele. Eúde foi para perto dele e disse: "A mensagem que trago é da parte de Deus." Eglom ficou de pé.

21 a 23 - Então Eúde com a mão esquerda tirou o punhal do lado direito, e cravou tão fundo a arma no ventre do rei, que ela afundou até o cabo! Como Eúde não retirou o punhal, este ficou encoberto pela gordura de Eglom. Eúde trancou as portas e fugiu por uma janelinha.

24 e 25 - Depois chegaram os criados do rei, encontraram fechadas as portas, e comentaram: "Decerto ele está dormindo na sala de verão." Mas as portas continuaram trancadas muito tempo. Os criados, cansados de esperar e preocupados, conseguiram uma chave e, abrindo a porta da sala, viram estendido no chão o corpo do rei. Estava morto.

26 - Aproveitando essa demora toda, Eúde fugiu - passou pelo local das pedras esculpidas, e foi para Seirá.

27 - Chegando na região montanhosa de Efraim, tocou uma corneta, convocando os israelitas e formando um exército com eles.

28 - "Sigam-me," disse ele, "pois o Senhor já deu a Israel a vitória sobre os moabitas!" Lá foi o exército e dominou os pontos de travessia do rio Jordão, perto de Moabe. E nenhum moabita conseguia passar por ali.

29 - Depois as forças de Israel atacaram os moabitas, matando uns dez mil soldados, todos fortes e capazes. Nem um só escapou.

30 - Assim Israel dominou Moabe naquele dia. E a terra ficou em paz durante oitenta anos.

31 - Imediatamente depois de Eúde, o juiz foi Sangar, filho de Anate. Ele matou de uma só vez seiscentos filisteus - e a arma que usou foi um chuço de boiadeiro. Assim Sangar também foi um libertador de Israel.

Capítulo 4

Juízes 4



1 a 3 - DEPOIS QUE EÚDE morreu, o povo de Israel tornou a pecar contra o Senhor. Por isso o Senhor deixou que Israel fosse dominado por Jabim, rei de Hazor, em Canaã. Sísera, comandante do exército de Jabim, vivia em Harosete-Hagoim. Ele tinha novecentos carros de ferro e já fazia vinte anos que dominava - e com que dureza! - o povo de Israel. Finalmente os israelitas pediram socorro ao Senhor .

4 e 5 - Nesse tempo, quem exercia as funções de juiz era a profetisa Débora, mulher de Lapitote. Ela fazia funcionar o tribunal no lugar que veio a ter o nome de "Palmeira de Débora," entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Ali os israelitas procuravam Débora para resolver as demandas.

6 e 7 - Certo dia ela mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, que morava em Quedes, no território de Naftali, e disse: "O Senhor, o Deus de Israel, mandou você reunir dez mil homens das tribos de Naftali e de Zebulom. Leve esses exército ao monte Tabor para enfrentar o poderoso exército de Jabim, com todos os carros que ele tem, estando no comando o general Sísera. Disse o Senhor: "Eu farei que o exército de Jabim vá para o ribeiro Quisom. Ali você derrotará as forças inimigas."

8 - "Eu só vou se você for comigo," disse Baraque a Débora. "Do contrário, não."

9 - "Está bem," respondeu ela, "vou com você; mas fique sabendo que quem vai ficar com a honra de vencer Sísera é uma mulher, e não você. Porque o Senhor a entregará a uma mulher." E Débora foi com Baraque a Quedes.

10 a 13 - Então Baraque convocou os homens de Naftali e de Zebulom em Quedes. Dez mil homens foram reunidos e marcharam com ele. Débora também foi com ele. Héber, o queneu - os queneus eram descendentes de Hobabe, sogro de Moisés - tinha deixado o restante do grupo de famílias a que pertencia, e tinha estabelecido as moradias dele e da parentela em diversos lugares, alcançando até ao carvalho de Zaanim, junto a Quedes. Quando contaram ao general Sísera que o exército comandado por Baraque estava acampado no monte Tabor, ele reuniu todo o exército, contando os novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete-Hagoim para o ribeiro Quisom.

14 - Disse, pois, Débora a Baraque: "Chegou a hora de entrar em ação! O Senhor vai na frente! Ele já entregou Sísera a você!" Então Baraque e os dez mil soldados de Israel desceram do monte Tabor para a batalha.

15 a 17 - O Senhor derrotou totalmente as forças chefiadas por Sísera, pondo em confusão os soldados e os carros, diante de Baraque. Vendo isso, Sísera saltou do carro e fugiu a pé. Baraque e os seus soldados perseguiram os homens e os carros inimigos até Harosete-Hagoim, e destruíram o exército inteiro ao fio da espada. Não escapou nem um homem sequer! Enquanto isso, Sísera fugiu para a tenda de Jael, mulher do queneu Héber, pois Jabim, rei de Hazor, e o grupo de famílias chefiadas por Héber estavam em paz.

18 - Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse: "Venha para a minha tenda. Ali o senhor estará a salvo. Não tenha medo." Ele aceitou. Foi para a tenda de Jael e ela cobriu Sísera com uma coberta.

19 - "Estou com muita sede!," disse ele. '''Por favor, dê-me um pouco de água." Ela abriu uma vasilha de leite e o deu a Sísera e tornou a estender a coberta sobre ele.

20 - Ele disse a Jael: "Fique à porta da tenda; se chegar alguma pessoa e perguntar se há alguém aqui, diga que não."

21 - Então a mulher de Héber pegou uma estaca e um martelo e foi pisando levemente até o lugar em que Sísera dormia sono profundo - porque estava exausto. E Jael enfiou a estaca nas têmporas de Sísera, martelando firme. A estaca atravessou a cabeça dele e ficou fincada no chão. Assim morreu Sísera!

22 - Baraque vinha perseguindo Sísera. Jael foi ao encontro dele e disse: "Venha ver o homem que você está procurando!" Ele foi, e viu Sísera morto, com a estaca espetada na cabeça.

23 e 24 - Assim, naquele dia Deus usou Israel para derrotar Jabim, rei de Canaã. E o povo de Israel foi ficando cada vez mais forte, conseguindo mais e mais vitórias sobre Jabim, até que ele e o povo dele foram destruídos.

Capítulo 5

Juízes 5



1 - ENTÃO DÉBORA e Baraque cantaram esta canção de louvor, celebrando a grande vitória:

2 - "Os chefes de Israel foram na frente; e o povo foi atrás alegremente! Bendigam o Senhor!

3 - Ouçam, príncipes e reis, eu cantarei ao Senhor, ao Senhor, Deus de Israel.

4 - Quando nos conduziu de Seir, marchando pelos campos, desde Edom, a terra tremeu, os céus gotejaram, sim, as nuvens despejaram gotas de água,

5 - e os montes vacilaram diante do Senhor. Até o monte Sinai estremeceu diante do Senhor, Deus de Israel!

6 - Nos dias de Sangar e de Jael, cessou o movimento nas estradas e os viajantes tomavam rumos tortos.

7 - As aldeias de Israel ficaram desertas e adormecidas, até que surgiu Débora em Israel, mãe que foi da nação!

8 - Quando Israel escolheu novos deuses, esse desvio favoreceu a guerra, mas em quarenta mil israelitas não havia nem uma lança, nem escudo!

9 - Quanto me alegro com os capitães de Israel que foram voluntários valorosos! Louvem o Senhor!

10 - Falem todos destas coisas: vocês que montam jumentas brancas; vocês que sentam em ricos tapetes, e vocês que andam a pé.

11 - Ao som da música daqueles que cuidam das águas das pastagens, falem dos atos justos do Senhor em favor das aldeias de Israel permitindo então ao povo do Senhor voltar feliz aos seus lares!

12 - Desperte, Débora, desperte! Desperte! Acorde e entoe uma canção; levante-se, Baraque, e leve presos aqueles que queriam prender você, ó filho de Abinoão!

13 e 14 - Do monte Tabor, pelas vertentes, desceu o restante dos valentes. O povo do Senhor em meu auxílio marchou contra inimigos poderosos: Da antiga região de Amaleque desceram os guerreiros de Efraim; e seguindo os passos de Débora marcharam multidões de Benjamim; desde Maquir desceram comandantes - os hábeis capitães de Zebulom.

15 e 16 - Foram com Débora também os príncipes de Issacar. Issacar seguiu a Baraque; com ele chegou ao vale. Mas vários grupos de Ruben discutiram fortemente: "Por que ficaram em casa ouvindo ou tocando flauta?! Ouçam! Na tribo de Ruben houve grande discussão!

17 - Gileade não saiu do outro lado do Jordão; e por que Dã ficou lá parado nos seus navios?! E por que Aser, sossegado, ficou na praia sentado, descansando nas baías?!

18 - Mas a tribo de Zebulom e os homens de Naftali arriscaram a própria vida nos campos de batalha!

19 - Os reis de Canaã pelejaram em Taanaque, junto às fontes de Megido, mas nada conseguiram e nada levaram!

20 - As próprias estrelas do céu, lá nas suas órbitas, contra Sísera lutaram!

21 - Quisom arrastou o inimigo, Quisom, o ribeiro das batalhas! Avante, ó minha alma, firme!

22 - Os cascos dos cavalos galopando, socavam o chão; os cavalos dos guerreiros galopando.

23 - Mas o Anjo do Senhor amaldiçoou Meroz. "Amaldiçoem duramente," disse Ele, "os moradores de Meroz, porque não vieram combater com o Senhor, combater ao lado do Senhor e Seus heróis!

24 - Dentre todas as mulheres, seja bendita Jael, mulher de Héber, queneu.

Sim, dentre todas as mulheres que habitam tendas de Israel, seja bendita Jael!

25 - Água ele pediu; leite ela deu; em taça principesca a nata ofereceu!

26 - Com a esquerda a estaca pegou, com a direita o martelo, e a Sísera golpeou. Furou, rachou, e traspassou a cabeça do general!

27 - Aos pés de Jael foi caindo e ficou lá estirado; aos pés dela dobrou o corpo e ali mesmo caiu morto!

28 - A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava, grudada na grade:

'Por que demora o carro dele?! Por que não ouço o ruído do trotar dos cavalos?!

29 - Mas suas damas de companhia - e ela mesma – respondiam:

30 - "Decerto há despojos abundantes, que demora repartir; uma ou duas moças para cada homem, e para Sísera, tecidos de várias cores; tecidos coloridos e bordados; e uma ou duas estolas finalmente bordadas para a esposa distante!'

31 - Morram assim, Ó Senhor, todos os seus inimigos, como Sísera morreu! Mas os que amam o Senhor brilhem como brilha o sol no matutino arrebol!

32 - Depois dessas coisas, a terra ficou em paz durante quarenta anos.

Capítulo 6

Juízes 6



1 - ENTÃO O povo de Israel voltou a pecar contra o Senhor como antes, e de novo o Senhor permitiu que ele fosse dominado por inimigos. Dessa vez o domínio foi dado ao povo de Midiã, e durou sete anos.

2 - Os midianitas foram tão cruéis que os israelitas tiveram de abrir covas e cavernas e construir fortificações nas montanhas, para proteger as colheitas.

3 e 5 - Isso porque depois de cada sementeira feita pelos israelitas, vinham bandos de Midiã, de Amaleque, e doutros povos vizinhos, acampavam nos territórios de Israel e consumiam os produtos da terra até perto de Gaza. E quando iam embora, não deixavam provisão nenhuma - nem mesmo ovelhas, bois e animais de carga! Pois esses bandos atacavam como nuvens de gafanhotos. Vinham em multidão tão grande que não dava para contar nem os homens nem os camelos! E devastavam tudo!

6 - Assim os midianitas deixaram o povo de Israel na maior miséria e fraqueza. Então os israelitas clamaram ao Senhor por socorro. Pedindo Israel socorro ao Senhor.

8 a 10 - Ele respondeu por meio de um profeta, que disse: "Assim diz o Senhor Deus de Israel: 'Fui eu que libertei vocês da escravidão do Egito. Fui eu que trouxe vocês para estas terras. Livrei vocês não só do Egito, mas de todos os povos que oprimiam vocês - expulsei todos estes povos, e dei a vocês as terras deles. Então eu disse: Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Não sirvam aos deuses dos amorreus que estão ao redor de vocês. Mas vocês não deram ouvidos!'"

11 - Contudo, um dia o Anjo do Senhor veio e sentou debaixo do carvalho da fazenda de Joás, da família de Abiezra, em Ofra. Gideão, filho de Joás, estava batendo trigo. Fazia isso no lagar - local onde as uvas eram espremidas para a fabricação do vinho - para esconder dos midianitas o produto.

12 - O Anjo do Senhor apareceu a Gideão e disse: "Homem valente, o Senhor está com você!"

13 - Gideão respondeu: "Ora, meu Senhor, se o Senhor está conosco, por que aconteceu com o meu povo tudo isto? E onde foram parar todos os milagres que os nossos pais contaram - como os que aconteceram quando o Senhor libertou Israel do Egito? Porém, agora o Senhor deixou o meu povo desamparado e entregue ao domínio destruidor dos midianitas!"

14 - Então disse o Senhor: "Com essa força que você tem, vá avante! Livre Israel do poder dos midianitas! Veja! Sou Eu quem dá a você esta missão.

15 - Gideão respondeu, porém: "Meu Senhor, com que vou livrar Israel?! Pois a minha família é a mais pobre da tribo de Manassés, e na minha família eu sou o mais insignificante!"

16 - A isso respondeu o Senhor: "Mas eu, EU sou estarei com você! Por isso você vai destruir rapidamente os bandos midianitas!"

17 e 18 - Respondeu Gideão: "Se é certo que vai me ajudar desse jeito, e se é certo que estou mesmo falando com o Senhor, faça algum milagre para provar isso. Peço, porém, que espere aqui; vou buscar um presente para oferecer ao Senhor." Respondeu o Senhor: "Esperarei até você voltar. "

19 - Gideão foi para casa e preparou um cabrito e bolos sem fermento, usando para isso mais de vinte quilos de farinha! Colocou a carne em uma cesta, o caldo numa panela, e levou tudo aonde estava Ele, à sombra do carvalho. E lhe ofereceu tudo o que tinha preparado.

20 - Mas o Anjo de Deus disse: "Coloque a carne e os bolos nessa pedra, e derrame por cima o caldo". Ele obedeceu.

21 - Então o Anjo do Senhor encostou na carne e nos bolos a vara que trazia. Imediatamente subiu fogo da rocha e consumiu tudo! E de repente o Anjo do Senhor desapareceu de vista!

22 - Quando Gideão viu que era de fato ó Anjo do Senhor, exclamou: "Ai de mim, Senhor Deus, pois vi face a face o Anjo do Senhor!

23 - "Está tudo bem," disse o Senhor. "Não tenha medo! Você não vai morrer por causa disto!"

24 - Gideão construiu um altar ali, e deu a ele o nome de "Altar do Senhor que é paz." Esse altar ainda está lá em Ofra, no território da família de Abiezra.

25 - Naquela noite o Senhor disse a Gideão que tomasse um dos bois do pai dele - o boi de sete anos, o segundo em idade. Disse também que derrubasse o altar de Baal, pertencente ao pai dele, e cortasse o poste-ídolo fincado junto ao altar.

26 - Continuando as instruções, disse o Senhor: "Construa depois um altar dedicado ao Senhor seu Deus, no alto do morro. Depois sacrifique o boi como oferta queimada ao Senhor. Para o fogo, use como lenha o poste-ídolo que vai cortar.

27 - Gideão reuniu dez dos seus criados e fez tudo o que o Senhor mandou. Mas teve o cuidado de fazer tudo de noite, com medo dos parentes, e com medo dos homens da cidade.

28 - De manhã cedo, quando a cidade estava despertando, viram o que tinha acontecido: o altar de Baal tinha sido derrubado, o poste-ídolo fora cortado, e num novo altar alguém tinha sacrificado um dos bois do pai de Gideão.

29 - Toda gente quis saber quem tinha feito aquilo. Pergunta daqui e dali, a verdade apareceu: "Foi Gideão, o filho de Joás."

30 - "Traga para fora o seu filho!" gritaram os cidadãos. "Ele terá de morrer, pois derrubou o altar de Baal, e cortou o poste-ídolo!"

31 - Porém Joás disse a todos os que estavam contra Gideão: "Ora, ora! Vocês vão comprar a briga de Baal?! Será que o deus Baal precisa disso? Quem fizer isso é que deverá morrer, pois estará insultando Baal! Se Baal é deus, ele que cuide disto e mate aquele que destruiu o altar!"

32 - Desse dia em diante, Gideão foi chamado "Jerubaal" - apelido que significa isto: "Baal que cuide dele mesmo."

33 - Pouco depois, os exércitos de Midiã, de Amaleque e doutros povos vizinhos fizeram um tratado, planejando atacar juntos o povo de Israel. Atravessaram o Jordão e acamparam no vale de Jezreel.

34 e 35 - Então o Espírito do Senhor tomou controle de Gideão, e ele ordenou toque de reunir. Os homens de Abiezer foram ter com ele. Gideão mandou mensageiros às tribos de Manassés, Azer, Zebulom e Naftali - e os homens atenderam à convocação.

36 e 37 - Então disse Gideão a Deus: "Se de fato o Senhor vai usar a mim para salvar Israel, como prometeu, dê-me uma prova desta maneira: Vou deixar um pouco de lã no pátio: se só a lã estiver molhada do orvalho, e a terra em volta estiver seca, então terei certeza de que o Senhor vai libertar Israel por meu intermédio, como disse."

38 - E foi justamente isso que aconteceu! Pois no dia seguinte bem cedo, Gideão foi lá, espremeu a lã, e colheu uma tigela de água!

39 - Disse ainda Gideão ao Senhor: "Não fique irado comigo, mas eu peço que me deixe fazer só mais uma prova com a lã: que desta vez só a lã fique seca, e a terra em volta dela fique molhada do sereno.

40 - E Deus fez o que ele pediu naquela noite. Gideão viu que a lã estava seca, e que a terra em volta dela estava molhada!

Capítulo 7

Juízes 7



1 - JERUBAAL, ISTO É, Gideão, e o exército israelita partiram de madrugada e acamparam junto da fonte de Harode. Os exércitos de Midiã estavam acampados ao norte deles, no vale, ao lado da colina de Moré.

2 e 3 - Disse o Senhor a Gideão: "Você está com gente demais! Não posso deixar tantos homens lutarem contra os midianitas porque, se não, o povo de Israel vai gabar-se diante de Mim, de que conseguiu sozinho a vitória! Mande para casa os medrosos e os que já estão apavorados. Então voltaram vinte e dois mil homens, e ficaram dez mil.

4 - Mas o Senhor disse a Gideão: "Ainda há muita gente. Leve os soldados até às águas da fonte. Ali vou mostrar quem deve ir com você, e quem deve voltar para casa.

5 e 6 - Gideão obedeceu. Então disse o Senhor: "Separe os homens em dois grupos, conforme a maneira como beberem água. Num deles, ponha os que bebem água nas mãos, lambendo como fazem os cães; no outro grupo, ponha os homens que ajoelham e põem a boca nas águas, para beber." Só trezentos beberam levando as mãos à boca; todos os outros beberam baixando a boca às águas.

7 - "Derrotarei os midianitas e livrarei o meu povo com os trezentos homens que beberam levando as mãos à boca," disse o Senhor a Gideão, "Mande embora todos os outros!"

8 - Gideão recolheu as vasilhas de barro e as cornetas do exército, e depois mandou para casa os homens, só ficando com os trezentos.

9 a 11 - Naquela mesma noite, estando os midianitas acampados abaixo, no vale, o Senhor disse a Gideão: "Levante-se! Ataque o acampamento, porque farei que você tenha completa vitória! Mas se você receia lançar o ataque agora, desça até lá primeiro, você e Pura, o seu assistente. Você ouvirá o que dizem os midianitas. E o que ouvir vai encher você de coragem e de ânimo para atacar o inimigo!" Gideão e Pura desceram então até os postos mais avançados do acampamento inimigo.

12 - Os numerosos exércitos de Midiã, de Amaleque e doutros povos do oriente estavam reunidos formando multidão enorme, cobrindo o vale como nuvens de gafanhotos - sim, como a areia da praia do mar - e os camelos eram tantos que não dava para contar!

13 - Gideão chegou perto, justamente na hora em que um homem estava contando um sonho ao companheiro. "Veja o sonho que tive!" disse ele. "Vi um grande pão de cevada que vinha rodando contra o nosso acampamento, e bateu na tenda do comandante. A tenda virou de cima para baixo, e ficou achatada!"

14 - Disse o outro soldado: "O seu sonho só pode significar uma coisa: É a espada de Gideão que vem sobre nós! - Gideão, o israelita, filho de Joás. Deus já garantiu a vitória dele sobre todos nós - midianitas e aliados!"

15 - Quando Gideão ouviu o sonho e a interpretação, adorou a Deus. Depois voltou ao acampamento israelita, e bradou: "Todos de pé! Porque Deus vai usar vocês para dominar e destruir o acampamento dos midianitas!"

16 a 18 - Gideão dividiu os trezentos homens em três batalhões, e deu a cada soldado uma corneta, um vaso de barro e uma tocha dentro do vaso. Depois explicou o plano: "Fiquem olhando para mim, e façam o que eu fizer. Quando estivermos chegando perto do acampamento, façam exatamente o que eu fizer. Logo que eu e os homens do meu batalhão tocarmos as cornetas, toquem vocês também as cornetas por todos os lados do acampamento, gritem: 'Pelo Senhor e por Gideão!'"

19 e 20 - Foi logo depois da meia noite, e da mudança da guarda inimiga, que Gideão e os cem soldados que estavam com ele chegaram perto do acampamento em Midiã. De repente, tocaram as cornetas e quebraram os vasos, de modo que as tochas brilharam na escuridão da noite. Então os outros duzentos homens fizeram o mesmo, segurando as tochas com a mão esquerda, e com a direita as cornetas que tocavam. Depois gritaram: "Pelo Senhor e por Gideão!"

21 e 22 - Feito isso, pararam e ficaram nos seus lugares, observando a confusão dos inimigos - todos a correr, a gritar e a fugir! Porque, quando soaram as trezentas cornetas, o Senhor fez Com que os inimigos virassem uns contra os outros, de tal maneira que houve tremenda matança entre eles, de uma ponta à outra do acampamento! E os inimigos de Israel fugiram em direção a Zererá, chegando até Bete-Sita e até os limites de Abel-Meloá, acima de Tabate.

23 e 24 - Então foram convocados os homens das tribos de Naftali, de Aser e de Manassés para perseguirem os fugitivos. Além disso, Gideão mandou mensageiros à região montanhosa de Efraim, convocando as tropas com estas ordens: "Desçam ao encontro dos midianitas e cortem as passagens pelas águas do Jordão, até Bete-Bara, de modo que eles não possam escapar."

25 - Orebe e Zeebe, dois generais de Midiã, foram capturados. Orebe foi morto na rocha agora conhecida pelo nome dele, e Zeebe foi morto na prensa de vinho que passou a ter o nome de "Lagar de Zeebe." Depois de perseguirem os midianitas, os homens de Efraim voltaram e atravessaram o Jordão levando as cabeças de Orebe e Zeebe.

Capítulo 8

Juízes 8



1 - MAS OS OFICIAIS de Efraim ficaram zangados com Gideão. "Por que você não mandou chamar as nossas tropas quando lançou o primeiro ataque aos midianitas?," reclamaram eles.

2 e 3 - Gideão respondeu, porém: "Ora, Deus deixou que vocês prendessem Orebe e Zeebe, os generais do exército de Midiã! Que fiz eu, em comparação com isso?! Seus atos no final do combate foram mais importantes do que os nossos no início. Com estas palavras eles ficaram mais calmos.

4 - Gideão e os trezentos, cansados como estavam, atravessaram o Jordão e continuaram perseguindo os inimigos.

5 – Passando por Sucote, pediram alimentos aos moradores do lugar. "Estamos cansados," explicaram, "porque estamos perseguindo Zeba e Salmuna, reis dos midianitas. "

6 - Mas os homens de Sucote disseram a Gideão: "Por acaso você já capturou Zeba e Salmuna? E quem garante que vai conseguir isso? Só assim é que daremos alimentos ao seu exército!"

7 - Então disse Gideão: "Pois saibam que quando o Senhor entregar ao meu poder os reis Zeba e Salmuna, vou picar as carnes de vocês com espinhos e cactos do deserto! "

8 e 9 - Foram a Penuel e pediram comida lá. Receberam a mesma resposta negativa. Gideão disse também aos moradores de Penuel: "Quando terminar este conflito e eu voltar, derrubarei esta torre!"

10 - Enquanto isso, os reis Zeba e Salmuna estavam em Carcor. Estavam com eles uns quinze mil homens - tudo que restou dos exércitos de todos os aliados do leste. Restaram poucos, pois os que tinham morrido eram cento e vinte mil soldados!

11 e 12 - Gideão seguiu a rota das caravanas, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa os midianitas, que estavam descuidados. Os reis Zeba e Salmuna fugiram, mas Gideão perseguiu e capturou os dois, e pôs em fuga todo o exército deles!

13 e 14 - Mais tarde Gideão começou a marcha de volta, subindo pela passagem de Heres. Em certo ponto, Gideão fez parar um jovem morador: de Sucote. Fez perguntas ao rapaz, e exigiu que ele fizesse por escrito uma lista dos chefes políticos e religiosos da cidade. Ele anotou setenta e sete nomes.

15 - Depois Gideão entrou em Sucote e disse aos homens de lá: "Vocês estão vendo aqui os reis. Zeba e Salmuna! Vocês zombaram de mim, afirmando que eu nunca ia conseguir apanhar os dois reis. E negaram comida quando estávamos cansados e com fome!

16 - Dizendo isso, Gideão prendeu os chefes da cidade e deu terrível lição a eles, com espinhos e cactos do deserto, como tinha dito!

17 - Em seguida, foi a Penuel, derrubou a torre e matou os homens da cidade!

18 - Depois disso Gideão perguntou a Zeba e a Salmuna: "como eram os homens que vocês mataram em Tabor?" Eles responderam: "Eram assim como você; pareciam filhos de reis."

19 - "Só podem ser meus irmãos!" exclamou Gideão. E acrescentou: "Diante do Senhor, o Deus vivo e verdadeiro, eu digo que não mataria vocês, se não tivessem matado os meus irmãos!"

20 - Gideão encarregou Jeter, seu filho mais velho, de matar os dois reis. Mas o rapaz era muito jovem e não teve coragem.

21 - Então disseram Zeba e Salmuna a Gideão: "Faça isso você mesmo! Mostre que é homem!" Gideão matou, pois, Zeba e Salmuna, e tirou os enfeites em forma de meia-lua, que adornavam os pescoços dos camelos deles.

22 - Passadas estas coisas, os homens de Israel foram ter com Gideão e disseram: "Seja nosso rei! Você, os seus filhos e os seus descendentes reinarão sobre nós pois você salvou Israel do domínio de Midiã! "

23 e 24 - Mas Gideão respondeu: "Nem eu nem meu filho seremos reis sobre vocês; o Senhor é o nosso Rei! Só uma coisa peço: que me dêem as argolas de ouro que vocês tomaram dos inimigos que tombaram" - pois os soldados de Midiã, sendo ismaelitas, usavam argolas de ouro como brincos.

25 e 26 - "Com todo o prazer!" responderam. Estenderam uma capa no chão para juntar nela as argolas. As argolas reunidas deram um total de 170 quilos de ouro. Isto sem contar os pendentes, os enfeites em forma de meia-lua e as finas vestes dos reis capturados, e sem contar os enfeites dos pescoços dos camelos!

27 - Desse ouro todo, Gideão mandou fazer uma faixa sacerdotal que colocou em Ofra, cidade dele. Mas logo todo o povo de Israel - infiel a Deus - começou a adorar a faixa! Ela veio a ser armadilha e tentação para Gideão e para a família dele.

28 - Termina aqui a fiel narrativa de como Israel derrotou e dominou os midianitas. Midiã nunca mais conseguiu a recuperação, e a terra gozou paz durante quarenta anos - ou seja, enquanto viveu Gideão.

29 a 31 - Gideão, que é Jerubaal, filho de Joás voltou a morar na antiga casa dele. Como Gideão casou com muitas mulheres, chegou a ter setenta filhos. Além disso, teve um filho da mulher que tinha em Siquém. Este filho recebeu do pai o nome de Abimeleque.

32 - Gideão morreu com idade bem avançada, e foi enterrado no túmulo do pai dele, em Ofra, no território da família de Abiezra.

33 - Depois da morte de Gideão, os israelitas - infiéis ao Senhor - voltaram a adorar os Baalins, e adotaram Baal-Berite como deus!

34 - Depressa esqueceram que o Senhor era o Deus deles, e que Ele tinha livrado o povo de Israel de todos os inimigos que o rodeavam.

35 - Os israelitas nem sequer foram bondosos para com a família de Gideão, não dando atenção a todo o bem que ele fizera a Israel!

Capítulo 9

Juízes 9



1 - CERTO DIA ABIMELEQUE, filho de Gideão, visitou os tios – irmãos da mãe dele - em Siquém. Conversou com a família inteira.

2 - "Vão falar com os chefes de Siquém," pediu ele. "Perguntem se preferem ser governados por setenta reis – os setenta filhos de Gideão - ou por um só homem. Neste caso, é bom lembrar que também sou da mesma carne e do mesmo sangue de vocês."

3 - Os tios de Abimeleque procuraram os oficiais da cidade e apresentaram a proposta dele. Os cidadãos de Siquém concordaram em aceitar a chefia de Abimeleque, e concluíram: "Afinal, ele é nosso irmão!"

4 e 5 - Para isso, deram a ele setenta peças de prata, retiradas do templo - as ofertas feitas ao deus Baal-Berite. Com esse dinheiro ele alugou uns homens sem caráter e atrevidos, que concordaram em fazer o que ele dissesse. Abimeleque foi com eles a Ofra, à casa do pai dele, e sobre uma rocha matou todos os seus irmãos - os setenta filhos de Jerubaal, menos o mais novo deles, Jotão. Este conseguiu fugir e ficar escondido.

6 - Então foi feita uma assembléia de todos os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo. Resolveram proclamar rei a Abimeleque - o que fizeram junto do carvalho-monumento, perto de Siquém.

7 - Quando Jotão ficou sabendo disso, subiu ao topo do monte Gerizim, e dali gritou em alta voz: "Cidadãos de Siquém! Se vocês querem a bênção de Deus, escutem o que vou dizer!

8 e 9 - "Certa vez as árvores resolveram eleger um rei. Primeiro escolheram a oliveira, mas ela não quis. 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir o óleo que agrada a Deus e aos homens, só para ficar me agitando por cima das outras árvores?', disse ela.

10 - "Então disseram à figueira: 'Seja nossa rainha!'

11 - "Mas a figueira também recusou o cargo. 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir minha doçura e meus frutos, só para ficar com a cabeça acima das outras árvores?,' disse ela.

12 - "Então falaram com a videira: 'Você reinará sobre nós!'

13 - "Mas a videira respondeu: 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir o vinho, que agrada a Deus e aos homens, só para ficar mais poderosa do que todas as outras árvores?'

14 - "Então todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Seja você o nosso rei!'

15 - "O espinheiro respondeu: 'Se querem mesmo que eu seja o rei, venham procurar abrigo debaixo da minha sombra! Se não, saia fogo de mim e queime os grandes cedros do Líbano!'

16 a 20 - " Agora, pois, vejam bem se estão tomando a decisão certa, fazendo de AbimeIeque rei sobre vocês, e se estão sendo justos para com Jerubaal e a família dele; vejam se o que estão fazendo é o que ele merece, lembrando os feitos dele. Pois meu pai lutou por vocês, arriscou a vida e livrou vocês dos midianitas. Apesar disso, vocês fizeram rebelião contra ele, e mataram os setenta filhos dele sobre uma pedra. E agora vocês acabam de escolher Abimeleque - filho de uma escrava de Gideão - para ser o rei, só porque ele é parente de vocês! Se vocês têm toda a certeza de que estão sendo corretos para com Jerubaal e a família dele, muito bem; sejam felizes, vocês e Abimeleque! Se não, que Abimeleque elimine os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo; e que os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo eliminem Abimeleque!"

21 - Logo depois disso, Jotão fugiu e ficou morando em Beer, porque tinha medo de Abimeleque, irmão dele.

22 a 24 - Depois de três anos de reinado de Abimeleque, Deus fez surgir um espírito mau entre ele e os cidadãos de Siquém. Com isso, a população fez revolta contra o rei. Com tudo o que passou a acontecer, tanto Abimeleque como os habitantes de Siquém foram castigados, por causa da cruel matança dos setenta filhos de Gideão; porque os moradores de Siquém colaboraram com Abimeleque no assassinato dos próprios irmãos dele!

25 - Os cidadãos de Siquém mandaram uns homens armarem emboscadas nas "trilhas das montanhas. Mas, enquanto esperavam ocasião para pegar Abimeleque, os homens assaltavam qualquer pessoa que passasse por perto. Abimeleque, porém, ficou sabendo disso.

26 - Nesse meio tempo, Gaal, filho de Ebede, mudou com os irmãos dele para Siquém. Todos confiavam nele!

27 - Naquele ano, durante a festa das colheitas realizada em Siquém, no templo do deus local, o vinho correu abundante. Logo todos estavam amaldiçoando Abimeleque.

28 e 29 - Gaal levantou a voz e disse: "Quem é Abimeleque? Por que há de ser ele o nosso rei? Por que nós, cidadãos de Siquém, temos de servir a ele? É filho de Jerubaal, Zebul é o seu braço direito. É gente de fora. Melhor seria que Hamor, pai de Siquém, fosse o nosso rei! Abaixo Abimeleque! Ah! se vocês me aceitassem como líder! Logo veriam o que eu ia fazer com Abimeleque! Eu diria a ele: 'Trate de preparar bem o seu exército, e venha contra mim!'"

30 a 33 - Zebul era o governador da cidade. Quando soube o que Gaal andava dizendo, ficou furioso! Mandou mensageiros a Arumá, onde estava morando o rei, com a seguinte mensagem para Abimeleque: "Gaal e os outros filhos de Ebede estão morando em Siquém, e estão levando a cidade à rebelião contra você. Venha, pois, com um exército, de noite, e fique com ele escondido nos campos. De manhã, ao nascer do sol, ataque a cidade de surpresa. E se tiver de enfrentar Gaal e a gente dele, faça o que quiser com eles!"

34 - Assim Abimeleque e os homens que estavam com ele saíram de noite, formaram quatro grupos e ficaram escondidos em volta de Siquém.

35 - Na manhã seguinte, enquanto Gaal e outros oficiais tratavam de vários assuntos, junto da porta da cidade, as tropas de Abimeleque deixaram os esconderijos e marcharam contra a cidade.

36 - Quando Gaal viu que vinham, exclamou a Zebul. "Olhe para o alto daqueles montes! Vem gente lá!" Zebul respondeu, porém: "Não é não; você está confundindo as sombras com homens!"

37 - "Não, olhe para lá," disse Gaal. "Tenho certeza que vem vindo gente para cá. E olhe! Lá vêm outros, pela estrada do carvalho de Moenenim!"

38 - Então falou Zebul: "Onde foi parar toda a sua conversa?! Não foi você que disse: 'Quem é Abimeleque? E por que há de ser nosso rei?' Não foi desses homens que vêm aí que você zombou? Pois vá lá, e lute contra eles.!"

39 e 40 - Gaal, pois, chefiou os homens de Siquém, e enfrentou Abimeleque, mas foi derrotado. Abimeleque perseguiu os vencidos, e muitos cidadãos de Siquém caíram feridos pelo caminho, até à entrada da porta da cidade.

41 - Abimeleque continuou morando em Arumá; e Zebul expulsou Gaal e os irmãos dele, proibindo que voltassem a morar em Siquém.

42 a 45 - No dia seguinte, os homens de Siquém saíram para pelejar de novo. Sabedor do plano, Abimeleque tinha deixado três grupos de soldados escondidos por perto, nos campos. Quando viu os homens saírem da cidade, Abimeleque atacou. O grupo chefiado por Abimeleque fez um rápido ataque de surpresa, e tomou posição junto da porta da cidade. Enquanto isso, os outros dois grupos destruíram os homens de Siquém nos campos. A batalha durou o dia inteiro. Por fim, Abimeleque tomou a cidade, matou a população e fez de Siquém um aterro coberto de sal!

46 - Quando o povo da vizinha cidade de Migdol-Siquém viu o que tinha acontecido, procurou refúgio na fortaleza subterrânea que ficava junto ao templo de EI-Berite.

47 a 49 - Quando Abimeleque soube disso, levou as tropas ao monte Salmom. Ali Abimeleque pegou. um machado, cortou lenha e pôs nos ombros. "Façam o que eu fiz," disse ele aos soldados. Assim, cada um deles cortou depressa um feixe de lenha e com ele aos ombros, seguiu Abimeleque até à fortaleza subterrânea. Ali empilharam a lenha em cima da fortaleza e puseram fogo. Assim todos os que estavam dentro morreram queimados ou sufocados! Os que morreram foram uns mil homens e mulheres.

50 a 53 - Depois Abimeleque atacou e conquistou a cidade de Tebes. Contudo, havia uma fortaleza no meio da cidade. Toda a população fugiu para lá, trancou as portas e subiu ao terraço. Abimeleque chegou perto da fortaleza, fez tentativas de ataque e foi queimar a porta. Nisso, uma mulher que estava no terraço, em cima, jogou uma pedra de moinho na cabeça de Abimeleque, e quebrou o crânio dele.

54 - "Mate-me!" ordenou ele ao ajudante de armas. "Que ninguém possa dizer que uma mulher matou Abimeleque!" O jovem soldado obedeceu e matou o rei.

55 - Quando os israelitas comandados por Abimeleque viram que ele estava morto, debandaram e voltaram para casa.

56 e 57 - Deste modo Deus castigou tanto Abimeleque como os homens de Siquém pelo assassinato dos setenta filhos de Gideão. Assim foi cumprida a maldição de Jotão, filho de Jerubaal.

Capítulo 10

Juízes 10



1 - DEPOIS DA MORTE de Abimeleque, surgiu um juiz e libertador de Israel chamado Tola, filho de Pua, neto de Dodo. Era da tribo de Issacar, mas vivia na cidade de Samir, na região montanhosa de Efraim.

2 a 3 - Exerceu as funções de juiz durante vinte e três anos. Quando morreu, foi sepultado em Samir, e a vaga foi ocupada por Jair, de Gileade. Os serviços de Jair como juiz de Israel duraram vinte e dois anos.

4 - Jair tinha trinta filhos, que costumavam montar trinta burros, e que possuíam trinta cidades, na região de Gileade. Essas trinta cidades eram chamadas "Havote-Jair" - nome que conservavam até a data em que este livro é escrito.

5 - Quando Jair morreu, foi enterrado em Camom.

6 - Então o povo de Israel abandonou de novo o Senhor, e voltou a adorar os Baalins, Astarote, os deuses da Síria, de Sidom, de Moabe, de Amom e da Filístia; e deixaram de uma vez de seguir e servir ao Senhor.

7 - Isto levou o Senhor a ficar irado com o Seu povo, e Ele permitiu que Israel fosse atormentado pelos filisteus e pelos amonitas.

8 - Estes povos começaram nesse mesmo ano a maltratar os israelitas. Durante dezoito anos foram oprimidos os israelitas que ocupavam territórios a leste do rio Jordão, na terra dos amorreus, isto é, em Gileade.

9 - Não demorou e as tribos de Judá, Benjamim e Efraim começaram a sofrer as mesmas coisas. Isso porque eram atacados pelos amonitas que, para isso, atravessavam o Jordão. Assim Israel foi ficando cada vez mais angustiado!

10 - Finalmente os israelitas clamaram ao Senhor: "Socorro, Senhor! Salve o seu povo! Pecamos contra o Senhor, pois deixamos de servir ao nosso Deus para servir deuses falsos!"

11 a 14 - Mas o Senhor respondeu: "Eu não livrei vocês dos egípcios, dos amorreus, dos amonitas, dos filisteus, dos sidônios, dos amalequitas e dos amonitas? Houve alguma vez que clamassem a Mim, que Eu não livrasse vocês? Apesar disso, vocês Me deixaram para servir a outros deuses. Por esta razão, não libertarei mais vocês! Vão pedir socorro aos deuses que escolheram! Eles que tirem vocês dos apuros! "

15 - Mas os israelitas disseram ao Senhor: "Nós pecamos. Faça conosco tudo o que quiser, mas livre só mais esta vez o seu povo!"

16 - Então eles destruíram os deuses dos estrangeiros e serviram só ao Senhor – e o Senhor já não conteve a sua compaixão pela desgraça de Israel!

17 - Os exércitos de Amom tinham sido convocados. Acampados em Gileade, faziam preparativos para atacar o exército israelita acampado em Mispa.

18 - Em certo momento, o povo, ou melhor, os oficiais de Gileade, lançaram um desafio: "Quem irá à frente das nossas forças, para o primeiro ataque aos amonitas? Quem fizer isso governará sobre nós!"

Capítulo 11

Juízes 11



1 e 2 - ORA, JEFTÉ ERA valente guerreiro nascido nas terras de Gileade, mas a mãe dele era prostituta. O pai dele, que tinha o nome de Gileade, tinha vários outros filhos, da legítima esposa. Quando estes cresceram, expulsaram Jefté e disseram: "Você é filho doutra mulher, e não há de ser herdeiro em nossa casa!"

3 - Assim Jefté fugiu de casa, e ficou morando na terra de Tobe. Logo ele passou a chefiar um bando de marginais, e juntos viviam como bandidos. 4 - Passado algum tempo, os amonitas atacaram o povo de Israel.

5 e 6 - No meio da luta, os oficiais de Gileade foram chamar Jefté, querendo que ele fosse comandar os israelitas na guerra contra Amom.

7 - Disse, porém, Jefté: "Ora, vocês não mostraram ódio para comigo, e não me mandaram embora da casa do meu pai? Por que me chamam agora, que estão em aperto?"

8 - "Porque precisamos de você," foi a resposta. "Se você comandar as nossas tropas contra os amonitas, ficará sendo o governador de Gileade."

9 - Disse Jefté: "Vocês garantem que se eu dirigir Israel nos combates contra os amonitas, e se o Senhor me fizer vitorioso, eu governarei a terra de Gileade?"

10 - "Prometemos isto diante do Senhor," responderam os oficiais de Gileade. "Deus é nossa testemunha! Se não cumprirmos o compromisso, Ele trará castigo sobre nós!"

11 - Assim Jefté aceitou a missão e ficou sendo o comandante do exército e o governador do povo de Gileade. Jefté ditou os termos do acordo numa assembléia do povo realizada em Mispa, diante do Senhor.

12 e 13 - Logo depois, Jefté mandou mensageiros ao rei de Amom, exigindo que ele dissesse porque Israel estava sendo atacado. Os mensageiros voltaram com esta resposta do rei: "É porque, quando vocês saíram do Egito, vieram para cá e roubaram as minhas terras desde o rio Arnom até o Jaboque, e até o Jordão. Devolvam pacificamente o território!"

14 a 17 - Jefté não se abalou; ao contrário, mandou mensageiros outra vez ao rei dos amonitas com esta mensagem: "Israel não roubou terra de ninguém. O que aconteceu foi isto: Quando o povo de Israel chegou a Cades - depois de cruzar o Mar Vermelho, vindo do Egito - mandou mensagem ao rei de Edom pedindo licença para passar pelas terras dele. Mas o pedido não foi atendido. Depois fez igual pedido ao rei de Moabe. Ele também disse não. Por isso Israel ficou parado em Cades.

18 - "Mais tarde os israelitas saíram pelo deserto, rodearam as terras dos edomitas e dos moabitas, e acamparam a leste dessas terras, fora dos limites de Moabe, perto do rio Amom.

19 a 22 - "Então Israel mandou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom, pedindo licença para passar pelas terras dele, direto ao destino visado. Ele negou permissão. Em vez disso, ajuntou as tropas, acampou com elas em Jaza, e pelejou contra Israel. Mas o Senhor, o Deus de Israel, fez com que Israel vencesse o rei Seom e todo o exército dele. Foi por isso que Israel tomou as terras ocupadas pelos amorreus, do rio Arnom ao Jaboque, e do deserto ao rio Jordão.

23 e 24 - "Como você vê, foi o Senhor, o Deus de Israel, quem tirou estas terras dos amorreus. Israel recebeu o território das mãos de Deus! Por que haveria de ser devolvido a você? Você costuma considerar sua propriedade tudo o que recebe do seu deus Camos. Assim também nós temos direito de tomar posse do território de todos aqueles que Deus expulsou da nossa frente!

25 - "Além disso, quem você pensa que é? Você acha que é melhor do que Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe? Acaso tentou ele recuperar o território, depois que foi derrotado por Israel? Claro que não!

26 - "Entretanto, agora, passados trezentos anos, você levanta esta questão! Todo esse tempo Israel viveu aqui, ocupando terras que vão de Hesbom até Areor, e que margeiam todo o rio Arnom. Por que os amonitas não tentaram recuperar essas terras antes?

27 - "Não fui eu quem pecou contra você. Você é que erra, fazendo guerra contra mim. Mas o Senhor, o Juiz, logo mostrará qual de nós está certo - Israel ou Amom."

28 - Porém o rei dos amonitas não deu atenção à mensagem de Jefté.

29 - Então o Espírito do Senhor impulsionou Jefté, e ele foi com as tropas através da terra de Gileade e de Manassés, passou por Mispa, de Gileade, e atacou o exército de Amom.

30 e 31 - Nesse meio tempo, Jefté havia feito voto ao Senhor nestes termos: Se Deus ajudasse Israel a vencer os amonitas, o primeiro que saísse de casa ao encontro dele, quando voltasse para casa em paz, seria dedicado ao Senhor e oferecido como sacrifício queimado!

32 e 33 - Jefté dirigiu, pois, o exército contra os amonitas, e o Senhor deu a Israel a vitória total! Os inimigos foram destruídos desde Aroer até perto de Minite, incluindo vinte cidades, e chegando até Abel-Queramim. Foi uma terrível derrota! Assim os amonitas foram dominados pelo povo de Israel.

34 - Jefté não tinha filhos, mas somente uma filha. Quando ia voltando para casa, a filha dele - a filha única! - correu para ele, tocando pandeiro e dançando de alegria.

35 - Quando Jefté viu a moça, rasgou as próprias roupas, cheio de angústia. "Ah! filha minha!," exclamou ele. "Você me faz cair ao pó, e traz ao meu coração a maior angústia! Porque fiz voto ao Senhor, e não posso desistir!"

36 e 37 - Disse ela: "Meu pai, faça tudo que prometeu ao Senhor, pois Ele deu a você grande vitória sobre os amonitas, inimigos de Israel. Só peço uma coisa: Deixe que eu ande pelos montes dois meses, junto com minhas amigas - para chorar porque não casarei nunca."

38 a 40 - "Faça isso, minha filha; vá," disse Jefté. Ela foi, acompanhada das amigas, e ficou dois meses vagando, a chorar porque nunca seria esposa e mãe. Depois voltou para casa, e o pai cumpriu o voto feito. Assim ela nunca chegou a casar. Daí nasceu em Israel o costume de saírem as moças todos os anos, por quatro dias, para celebrar a memória da filha de Jefté.

Capítulo 12

Juízes 12



1- ENTÃO A TRIBO de Efraim convocou os soldados. Reunido o exército, foi para Zafom e mandou esta mensagem a Jefté: "Por que você não chamou os nossos homens para ajudarem na luta contra Amom? Pois agora vamos queimar sua casa, com você dentro!"

2 e 3 - "Eu convoquei vocês, e vocês não atenderam'," disse Jefté. "Na hora em que precisávamos, vocês falharam. Assim arrisquei a vida e enfrentei os amonitas e o Senhor permitiu que eu vencesse. Por que vocês vêm agora contra mim?"

4 - Então os soldados de Gileade pelejaram contra os de Efraim. E mais furiosos ficaram os homens de Gileade, porque os de Efraim diziam: "Vocês, gileaditas, moram entre Efraim e Manassés como parasitas, e fogem de medo de Efraim."

5 e 6 - Jefté tomou os pontos de travessia do Jordão, nos caminhos para Efraim. Quando algum fugitivo de Efraim aparecia querendo atravessar o rio, os guardas de Gileade perguntavam: "Você é membro da tribo de Efraim?" Se o fugitivo dizia que não, os guardas exigiam que ele pronunciasse a palavra "Chibolete". Se ele não fosse capaz de dizer bem a palavra, e pronunciasse "Sibolete" em vez de "Chibolete", ficava claro que estava mentindo. Neste caso, era morto. Em toda aquela luta morreram quarenta e duas mil pessoas de Efraim!

7 - Jefté foi juiz de Israel por seis anos; depois disso morreu, e foi enterrado numa das cidades de Gileade.

8 a 10 - O sucessor dele como juiz foi Ibsã, que vivia em Belém. Ele tinha trinta filhos e trinta filhas. Casou as filhas com rapazes de fora do grupo de famílias que ele chefiava; e trouxe de fora trinta moças para casarem com os filhos dele. Julgou a Israel sete anos, quando então morreu, e foi enterrado em Belém.

11 e 12 - Elom, da tribo de Zebulom, foi juiz de Israel depois de Ibsã. Havendo julgado a Israel durante dez anos, morreu, e foi sepultado em Aijalom, no território de Zebulom.

13 - Depois dele, o juiz foi Abdom, filho de HileI. Abdom era de Piratom.

14 - Tinha ele quarenta filhos e trinta netos, acostumados a cavalgar setenta burros. Foi juiz de Israel oito anos.

15 - Então morreu, e foi enterrado em Piratom, no território de Efraim, na região montanhosa dos amalequitas.

Capítulo 13

Juízes 13



1 - O povo de Israel tornou a pecar contra o Senhor. Por isso o Senhor deixou que ele fosse dominado pelos filisteus - domínio que durou quarenta anos.

2 a 5 - Então apareceu um dia o Anjo do Senhor à mulher de Manoá, da tribo de Dã. Morava na cidade de Zorá, e não tinha filhos. Mas o Anjo disse a ela: "Até agora você não pôde ter filhos, mas agora vai conceber e dar à luz um filho. Cuidado, porém, não beba vinho nem qualquer bebida alcoólica, e não coma comida declarada impura pela lei. O cabelo do filho que você vai ter nunca poderá ser cortado, pois ele será nazireu - servo de Deus especialmente consagrado desde o nascimento; e ele começará a livrar Israel do domínio dos filisteus.

6 e 7 - A mulher foi correndo contar ao marido: "Apareceu a mim um homem de Deus que parecia o Anjo de Deus! A aparência, dele era quase gloriosa demais para se olhar! Não perguntei donde era, e ele não me disse o nome dele. Mas escute o que disse: 'Você vai ter um menino!' E disse que eu não devo beber vinho e nenhuma bebida alcoólica, e que não devo comer nada do que a Lei declara impuro, pois o menino será nazireu - será dedicado a Deus desde o momento em que nascer até o momento em que morrer."

8 - Então Manoá fez esta oração ao Senhor: "Ó Senhor, peço que mande aqui outra vez o homem de Deus que apareceu à minha mulher! Sim, para recebermos instruções sobre o que devemos fazer ao menino que vai nascer!"

9 e 10 - O Senhor atendeu à oração, e o Anjo de Deus apareceu outra vez à mulher, quando ela estava sentada sozinha no campo. Ela saiu correndo e foi chamar o marido: "Venha, Manoá," disse ela. "Apareceu de novo aquele homem que esteve aqui outro dia!"

11 - Manoá correu junto com a mulher, e logo perguntou ao homem: "Foi o senhor que falou com minha mulher outro dia?" Ele respondeu que sim,

12 - Então disse Manoá: "Gostaríamos de receber toda instrução possível, para que possamos criar bem o menino que vai nascer - para que ele fique bem preparado para a vida e a vocação dele."

13 e 14 - O Anjo do Senhor respondeu: "Cuide que sua mulher siga as instruções que dei. Ela não poderá comer coisa nenhuma que venha das plantações de uvas; não poderá tomar vinho, nem qualquer outra bebida forte; e não poderá comer nenhum alimento declarado impuro pela Lei. Ela deverá obedecer rigorosamente ao que digo."

15 - "Espere um pouco aqui, por favor," disse Manoá ao anjo de Deus, "Vamos preparar um cabrito para o Senhor comer."

16 - Porém o Anjo do Senhor disse a Manoá: "Posso ficar, mas não para comer. Contudo, se você quer preparar alguma coisa, traga uma oferta para sacrificar ao Senhor. "Manoá ainda não tinha percebido que era o Anjo do Senhor.

17 - Então Manoá perguntou o nome dele. "Quando acontecer tudo isso, e nascer a criança," disse ele ao Anjo, "queremos manifestar a nossa gratidão."

18 - "Nem sequer pergunte pelo meu nome," replicou o Anjo, "pois é maravilhoso."

19 a 21 - Manoá tomou um cabrito e uma oferta de cereais, e ofereceu tudo como sacrifício ao Senhor. Então o Anjo fez uma coisa fora do comum, verdadeiramente maravilhosa! Manoá e a mulher estavam observando. Viram que, quando as chamas do altar foram subindo para o céu, o Anjo do Senhor subiu nelas! Vendo isso, Manoá e a mulher dele caíram com o rosto em terra. E essa foi a última coisa que o casal viu do Anjo do Senhor. Só então Manoá ficou sabendo que tinha visto o Anjo do Senhor.

22 - "Na certa que vamos morrer," disse Manoá à mulher, "pois vimos Deus!"

23 - Mas a mulher disse: "Se o Senhor quisesse dar fim às nossas vidas, não teria aceitado o nosso sacrifício queimado e a nossa oferta. Também não teria aparecido a nós e não teria contado nem mostrado todas estas coisas maravilhosas!"

24 - Quando o filho dela nasceu, recebeu o nome de Sansão. O menino foi abençoado por Deus, e cresceu.

25 - O Espírito do Senhor agia com vigor no rapaz sempre que ele ia a Maané-Dã, entre as cidades de Zorá e Estaol.

Capítulo 14

Juízes 14



1 - UM DIA SANSÃO foi a Timna e viu ali certa jovem filistéia que chamou a atenção dele.

2 - Voltando para casa, disse aos pais que queria casar com aquela moça. 3 - Eles fizeram forte oposição: "Por que não casa com uma jovem do nosso povo?", perguntaram. "Por que você tem de arranjar esposa entre aqueles filisteus, que não obedecem ao Senhor? Acaso não existe em Israel moça nenhuma que sirva para casar com você?!" Porém Sansão disse ao pai: "Aquela é a que eu quero. Peça a moça em casamento para mim!"

4 - O pai e a mãe de Sansão não perceberam que o Senhor estava por trás daquele pedido. Com isso, Deus estava preparando uma ação contra os filisteus - que nesse tempo dominavam sobre o povo de Israel.

5 - Quando Sansão estava indo com os pais a Timna, já nas vizinhanças da cidade, foi atacado por um leão novo, nas plantações de uva ali existentes.

6 - Então o Espírito do Senhor tomou posse de Sansão de tal maneira, que ele rasgou o animal como se fosse um cabrito - e fez isso com as mãos, pois não estava carregando nenhuma arma! Mas os pais dele não ficaram sabendo desse acontecimento.

7 - Em Timna, conversou com a jovem, e confirmou que queria casar com ela.

8 - Quando voltou a Timna para o casamento, saiu da estrada para ver o corpo do animal. Viu nele um enxame de abelhas com mel.

9 - Pegou o favo de mel, e foi embora, andando e comendo. Chegando ao pai e à mãe, deu mel a eles, e comeram. Mas não ficaram sabendo que o mel tinha sido tirado da carcaça do leão.

10 e 11 - Ao chegar à cidade, o pai foi fazer os arranjos finais para as bodas. Seguindo o costume, Sansão ofereceu uma festa, convidando para ela trinta rapazes de Timna.

12 e 13 - Em certo momento, Sansão desafiou os moços a decifrarem uma charada. "Se vocês conseguirem decifrar o enigma durante os sete dias da celebração do casamento," disse ele, darei a vocês trinta camisas finas e trinta trajes próprios para festas. Se não conseguirem, vocês me darão as trinta camisas e os trinta trajes!" Eles concordaram, e disseram: "Diga logo o tal enigma!"

14 - A charada que Sansão apresentou aos moços foi esta: "Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura." Três dias depois, eles ainda não tinham conseguido dar a interpretação.

15 - No quarto dia, os moços disseram à mulher de Sansão: "Se você não quer morrer queimada, e não quer que ponhamos fogo na casa do seu pai, trate de convencer Sansão e revelar a solução da charada. Fomos convidados para esta festa para sermos despojados do que temos?!"

16 - Ora, a mulher vinha insistindo com Sansão para que contasse a ela o segredo; chorava e dizia: "Você me despreza! Você não me ama! Pois você deu uma charada à minha gente, e até agora você não me disse a solução!" E Sansão dizia a ela: "Se nem ao meu pai e à minha mãe eu revelei qual é a solução, por que haveria de contar a você?!"

17 - E durante os sete dias da festa, ela chorava diante dele. E no sétimo dia ainda mais, pela ameaça dos rapazes. E tanto fez, e tanto importunou Sansão, que ele revelou a solução do enigma a ela. E a mulher contou à gente dela como era.

18 - Então, no sétimo dia da festa, antes do pôr-do-sol, eles disseram a Sansão: "Que coisa existe mais doce do que o mel? e mais forte que o leão?" Sansão respondeu, aplicando um ditado: "Se vocês não tivessem lavrado com a minha novilha, nunca teriam conseguido decifrar o enigma!"

19 - Então o Espírito do Senhor assumiu controle sobre Sansão de tal maneira, que ele foi à cidade de Ascalom, matou trinta homens de lá, e tirou os trajes de festa que vestiam. Depois entregou os trajes aos que tinham dado resposta ao enigma. Enfurecido, porém, deixou a mulher e voltou para casa dos pais.

20 - E a mulher foi dada em casamento ao homem que tinha sido o padrinho de casamento de Sansão.

Capítulo 15

Juízes 15



1 - ALGUM TEMPO depois, durante a colheita do trigo, Sansão pegou um cabrito para dar de presente à mulher dele. Fez isso com a intenção de passar a noite com ela. Mas o pai dela não deixou que ele entrasse em casa.

2 - "O fato é que eu pensei que você tinha ficado cheio de ódio dela," explicou ele, "de modo que fiz com que se casasse com o melhor amigo que você tem aqui. Mas olhe, a irmã dela é mais nova e mais bonita. Case com ela! "

3 - Sansão ficou furioso, e disse: "Agora ninguém poderá reclamar quando eu causar algum dano aos filisteus!"

4 e 5 - Saindo dali, prendeu trezentas raposas. Depois amarrou as raposas, aos pares, pelas caudas - cauda com cauda. Para cada par de raposas, arranjou uma tocha, e amarrou a tocha nos rabos presos de cada par. Feito isto, tocou fogo nas tochas, e pôs as raposas a correr pelas lavouras dos filisteus. Com o fogo assim espalhado, Sansão queimou e destruiu os feixes de cereal colhido, o cereal ainda por colher; as plantações de uvas e as oliveiras.

6 - "Quem foi que fez isto?!" perguntaram os filisteus. "Sansão," responderam, "porque o sogro fez com que o amigo dele casasse com a mulher que tinha desposado." Então os filisteus queimaram o pai e filha vivos!

7 e 8 - "Ah! Se é isso que querem, vou fazer vingança completa!" disse Sansão. Assim, ele saiu, atacou os filisteus com fúria terrível, e matou uma porção deles. Depois ficou morando numa fenda da rocha de Etã.

9 - Então os filisteus foram atacar a tribo de Judá, e ficaram acampados em volta da cidade de Lei.

10 - "Por que vieram aqui?," perguntaram os homens de Judá. Responderam os filisteus: "Viemos aqui para prender Sansão e fazer com ele o que ele tem feito conosco".

11 - Por isso três mil homens de Judá foram até à fenda da rocha de Etã para prender Sansão. "O que você está querendo fazer conosco?" perguntaram a ele. Você não sabe que os filisteus dominam sobre nós?" Sansão retrucou: "Eu só devolvi a eles o que me fizeram."

12 e 13 - "Nós estamos aqui para prender e entregar você aos filisteus," disseram os homens de Judá. "Está bem," disse Sansão, "mas prometam que vocês mesmos não me matarão." "Não," responderam eles, "não faremos isso! Só vamos entregar você amarrado." E levaram Sansão amarrado com duas cordas novas.

14 - Quando Sansão chegou a Lei, os filisteus correram para ele com gritos de alegria. Mas o Espírito do Senhor deu poderosa força a Sansão, de modo que ele arrebentou as amarras como se fossem barbantes chamuscados!

15 - Pegou então uma queixada de burro que achou ali por perto, e com ela matou mil filisteus!

16 e 17 - Acabada a matança, jogou fora o osso, e exclamou: "Pilha e mais pilha de gente, com uma queixada de burro! Com uma queixada de burro

matei mil valentes!" O lugar recebeu daí por diante o nome de "Ramate-Lei" ou "Colina da Queixada" .

18 - Sansão sentiu muita sede e rogou a Deus: "O Senhor deu hoje grande libertação a Israel por meu intermédio. Agora estou morrendo de sede ! Vou cair nas mãos destes homens que não temem o seu nome?!"

19 - Então o Senhor fez brotar água de um buraco na terra de Lei. Sansão bebeu e recobrou as forças e o ânimo. Aquela fonte ficou sendo chamada "En-Hacoré" "Fonte de quem clama", até o dia em que estas coisas são escritas neste livro.

20 - Sansão foi o juiz de Israel nos vinte anos seguintes. Mas os filisteus continuavam dominando o país.

Capítulo 16

Juízes 16



1 e 2 - CERTO DIA SANSÃO foi à cidade filistéia de Gaza e passou a noite com uma prostituta. Correu a notícia de que ele tinha sido visto na cidade. Os homens formaram cerco perto do portão da cidade, e ficaram esperando, prontos para matar Sansão quando nascesse o dia. "Quando aclarar o dia, vamos dar cabo dele!," combinaram os filisteus.

3 - Sansão ficou deitado até à meia-noite. Então, saiu da casa, arrancou as folhas da porta da cidade, com as ombreiras e a tranca. Pôs tudo nos ombros e levou para o alto do monte que dá de frente para Hebrom!

4 - Mais tarde, ele ficou apaixonado por Dalila - moça que morava no vale de Soreque.

5 - Os oficiais filisteus foram pessoalmente pedir a Dalila que procurasse descobrir o segredo da grande força de Sansão. "Faça isso," disseram, "para podermos dominar e prender aquele homem. E você receberá como recompensa uns seis quilos e meio de moedas de prata - de cada um de nós.

6 - Assim Dalila pediu a Sansão que contasse o segredo. "Diga-me, Sansão, por que você é tão forte," rogou ela. "Não acredito que exista meio de prender e dominar você, não é? Ou existe?"

7 - "Bem," respondeu Sansão, "se eu for amarrado com sete cordéis feitos de couro de animais, cordéis ainda não secos, ficarei fraco e serei como outro qualquer."

8 e 9 - Eles deram sete cordéis desse tipo a Dalila, e ela amarrou Sansão enquanto ele dormia, Alguns homens estavam escondidos noutro quarto. Assim que amarrou Sansão, ela exclamou: "Sansão! Os filisteus estão aqui!" Então ele rebentou os cordéis como se fossem fios de estopa meio queimados. E continuou guardado o segredo da força dele.

10 - Mais tarde Dalila disse a Sansão: "Você anda zombando de mim! Você mentiu para mim! Diga, por favor, como é que você poderia ficar preso!"

11 - "Pois bem," disse ele, "se eu for amarrado com cordas novas, que não tenham sido usadas, ficarei fraco, igual aos outros homens."

12 - Dalila conseguiu cordas novas e amarrou Sansão, quando ele estava dormindo. Como da outra vez, alguns homens estavam escondidos na casa. Amarrado Sansão, Dalila gritou: "Sansão! Os filisteus vêm aí!" Ele rebentou as cordas como se fossem fios de teia de aranha!

13 - "Até agora você só zombou de mim, dizendo mentiras!," disse Dalila a Sansão. "Você não me vai dizer agora como é que você pode ser amarrado de uma vez?" "Está bem," disse ele, "vou contar. Se você prender os meus cabelos como se faz com o tecido no tear, e com o pino do tear, então ficarei fraco." Enquanto Sansão dormia, Dalila fez como ele dissera.

14 - Depois de prender bem o cabelo com o pino do tear, ela gritou: "Os filisteus estão aqui, Sansão!" Então ele acordou e soltou o cabelo, arrancando o pino do tear.

15 - "Você fala que me ama. Como pode ser isso, se você não confia em mim?" choramingou ela. "Já é a terceira vez que você zomba de mim, e ainda não contou o segredo da sua grande força!"

16 e 17 - E ela foi amolando Sansão todos os dias, até que ele já não pôde agüentar mais, e acabou contando tudo o que tinha no coração. "Meu cabelo nunca foi cortado," disse ele, "pois eu sou nazireu - especialmente dedicado a Deus desde antes de nascer. Se cortarem o meu cabelo, perderei a força e ficarei tão fraco como qualquer outro homem."

18 - Dalila viu que dessa vez Sansão tinha dito a verdade. Assim, mandou aos oficiais filisteus este recado: "Venham cá mais esta vez, pois agora sei que ele abriu o coração para mim." Os oficiais foram à casa dela, levando o dinheiro prometido.

19 - Então Dalila fez Sansão dormir nos joelhos dela. Depois mandou alguém cortar o cabelo dele. Dalila percebeu que já podia ter domínio sobre Sansão, que ele já não tinha aquela força extraordinária.

20 - Disse a mulher: "Sansão! Os filisteus estão aqui para prender você!" Ele acordou e pensou: "Vou fazer como das outras vezes! Vou ficar livre num instante!" Mas não percebeu que o Senhor já não estava com ele.

21 - Os filisteus prenderam Sansão, furaram os olhos dele e o levaram para Gaza. Lá Sansão foi amarrado com duas correntes de bronze, e teve de ficar movendo um moinho na prisão.

22 - Não demorou muito, o cabelo dele começou a crescer de novo.

23 e 24 - Os oficiais filisteus realizaram uma grande festa para comemorar a captura de Sansão. O povo ofereceu grande sacrifício a Dagom, deu dos filisteus, e ficou cheio de alegria. Vendo Sansão acorrentado na prisão, o povo louvava [aquele falso] deus, exclamando: "O nosso deus entregou às nossas mãos o inimigo Sansão! Aquele que era destruidor da nossa terra, e que matou muitos dos nossos homens - aí está agora, em nosso poder!"

25 - Quando estavam bem alegres, em plena festa, os filisteus pediram: "Tragam Sansão para cá! Queremos fazer algumas brincadeiras com ele!" Assim tiraram Sansão da cadeia, e ele foi levado para o centro do templo, entre as duas colunas que seguravam o teto – e o povo se divertia às custas dele!

26 - Entretanto, Sansão disse ao rapaz que servia de guia para ele: "Coloque as minhas mãos nas duas colunas; quero ficar encostado nelas. "

27 - O templo estava repleto de gente, homens e mulheres do povo, e todos os oficiais dos filisteus. Além disso, em cima, no terraço sobre o teto, estavam umas três mil pessoas, olhando as brincadeiras que faziam com Sansão.

28 - Em certo momento, Sansão orou a Deus e suplicou: "Ó Senhor, Deus de Israel! Rogo que se lembre de mim - e que só mais esta vez me dê força para que eu possa fazer os filisteus pagarem pela perda de pelo menos um dos meus olhos!"

29 - Então ele forçou quanto pôde as duas colunas, uma com a direita, outra com a esquerda, e disse:

30 - "Que eu morra com os filisteus!" Pôs toda a força, e o templo caiu sobre

os oficiais e sobre todo o povo! Aconteceu, assim que Sansão matou muito mais gente quando morreu do que durante todo o tempo em que viveu! Depois, os irmãos e demais membros da família foram buscar o corpo dele. Sansão foi enterrado entre as cidades de Zorá e Estaol, no túmulo de Manoá, seu pai. Ele foi juiz de Israel durante vinte anos.

Capítulo 17

Juízes 17



1 - NA REGIÃO montanhosa de Efraim, vivia um homem chamado Mica.

2 - Um dia ele disse à mãe: "Aqueles mil e cem siclos de prata que roubaram da senhora - pelo que a senhora andava lançando maldições - quem roubou fui eu!" "Que Deus abençoe você," disse a mãe, "por confessar e reparar o erro."

3 - Assim ele devolveu o dinheiro. Então a mãe dele disse: "Agora dedico este dinheiro ao Senhor, em favor do meu filho. Vou mandar fazer um ídolo revestido de prata, com essas moedas fundidas."

4 a 6 - Ela deu, pois, duzentos siclos de prata ao fabricante de estátuas, e ele fez o ídolo encomendado. Essa imagem foi colocada na casa de Mica. Este homem fez uma capelinha para os seus deuses. Depois, de certo tempo, Mica fez uma faixa sacerdotal, fez ídolos representando os deuses do lar, e consagrou um dos filhos, fazendo dele um sacerdote. (Naqueles dias o povo de Israel não tinha rei, de modo que cada um fazia o que queria, agindo de acordo com o que achava certo.)

7 e 8 - Um jovem membro da tribo de Levi, tribo consagrada ao Serviço do Senhor, vivia em Belém, no território de Judá. Um dia, ele saiu da cidade de Belém, e foi andando sem destino certo, conforme o impulso que sentia. Acabou indo parar na casa de Mica, na região montanhosa de Efraim.

9 - Mica perguntou ao recém-chegado: "Donde você vem?" O jovem disse que era levita,' de Belém de Judá, acrescentando: "Estou procurando um lugar que me agrade, para morar."

10 e 11 - "Pois fique aqui comigo," convidou Mica, "e você será meu guia espiritual e sacerdote. Pagarei a você dez siclos de prata por ano, além da roupa, quarto e comida." O moço aceitou, e veio a ser como um dos filhos de Mica.

12 - Mica fez a consagração do jovem, e este ficou sendo seu sacerdote pessoal, morando na casa dele.

13 - "Agora tenho certeza que o Senhor vai abençoar a minha vida," exclamou Mica, "porque tenho um sacerdote de verdade - um levita - trabalhando para mim! "

Capítulo 18

Juízes 18



1 - COMO JÁ FOI dito, Israel não tinha rei naquele tempo. A tribo de Dã estava procurando um lugar onde morar, porque essa tribo não tinha conseguido ainda tomar posse do território que recebera por sorteio sagrado.

2 - Por isso os homens de Dã escolheram cinco heróis de guerra, das cidades de Zorá e Estaol. Eles foram mandados como espiões, A missão deles era espiar e examinar o território que Dã planejava conquistar. Os espiões chegaram à região montanhosa de Efraim, e passaram a noite na casa de Mica.

3 - Notando o sotaque do jovem levita, falaram com ele: "O que Você está fazendo aqui? Por que veio para cá?," perguntaram.

4 - Ele falou do trato que tinha feito com Mica, e que trabalhava como sacerdote pessoal dele.

5 - "Muito bem," disseram os espiões, "neste caso, pergunte a Deus se nós vamos ter sucesso nesta missão, ou se vamos fracassar."

6 - "Vocês podem ir tranqüilos," disse o sacerdote, "tudo correrá bem, porque o Senhor cuida de vocês."

7 - Assim os cinco homens foram para a cidade de Laís, e viram como o povo dali vivia despreocupado como se estivesse em segurança. Tinha os mesmos costumes dos fenícios de Sidom. E o povo não tinha falta de nada. Não sofria opressão de ninguém, não tinha contato com Sidom e não mantinha relações políticas ou comerciais com nenhum outro povo.

8 - Então os espiões voltaram a Zorá e a Estaol. E ali pediram que eles contassem o que tinham visto.

9 e 10 - Disseram eles: "Não percamos tempo! Vamos ao ataque! Examinamos a terra e vimos que é excelente! Vamos depressa conquistar aquele território! Quando chegarmos lá, vocês verão um povo despreocupado e uma terra vasta, fértil e maravilhosa - um lugar em que não há falta de nada! Vamos, que Deus já entregou aquela terra a nós!"

11 e 13 - Assim seiscentos homens bem armados saíram de Zorá e Estaol, e acamparam em Quiriate-Jearim, no território de Judá - lugar que ficou depois conhecido pelo nome de Maané-Dã (que quer dizer "Acampamento de Dã), Dali subiram à região montanhosa de Efraim, e chegaram perto da casa de Mica.

14 - Os homens que tinham feito o trabalho de espiões, disseram aos companheiros: "Saibam que nessa casa existem ídolos dos deuses do lar, um ídolo lavrado e revestido de prata, e uma faixa sacerdotal. Vocês já sabem o que devem fazer!"

15 e 17 - Foram para lá. Os cinco foram na frente, chegaram até o alojamento do jovem levita - na casa de Mica - e perguntaram a ele como estava passando, Mas os seiscentos homens armados ficaram do lado de fora da porta. Então os cinco espiões entraram na capelinha e pegaram os ídolos do lar, a faixa sacerdotal e a imagem esculpida e revestida de prata. Enquanto faziam isso, o sacerdote ficou parado junto da entrada da porta, perto dos seiscentos soldados.

18 - "O que vocês estão fazendo?," perguntou o levita, quando viu que carregavam todas aquelas coisas.

19 - "Fique quieto e venha conosco!," disseram. "Seja o nosso sacerdote. Ser sacerdote de uma tribo inteira não é melhor do que ser sacerdote de um homem só numa casa particular?"

20 - O jovem sacerdote ficou muito contente com isso. Pegou a faixa sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem modelada com prata fundida, e partiu com eles.

21 - Os homens de Dã colocaram as crianças, o gado e os demais bens na frente do povo, e se foram.

22 e 23 - Quando já estavam longe da casa de Mica, ele e os vizinhos dele se reuniram e saíram em perseguição dos danitas. Chegando ao alcance deles, gritaram que parassem. "O que vocês querem, perseguindo a gente desse jeito?!" perguntaram os homens de Dã.

24 - "Ora, que pergunta! Que será que queremos?!" retorquiu Mica, Que será que significa isto?! Pois se vocês fogem, levando os meus deuses - que eu mesmo fiz - e o meu sacerdote! Não deixaram nada!"

25 - "Cuidado com a língua!," responderam os homens de Dã. "Aqui temos gente que por pouca coisa pode ficar com raiva e matar vocês todos!"

26 - Assim os homens de Dã continuaram a viagem. Quando Mica viu que eles eram muitos mais numerosos e mais fortes, desistiu e voltou para casa.

27 - Então os homens de Dã prosseguiram - levando os ídolos e o sacerdote de Mica - e chegaram a Laís. A cidade estava desprotegida, e o povo vivia na maior despreocupação! Com facilidade, pois, os invasores entraram, mataram todos os moradores e incendiaram a cidade.

28 e 29 - Não havia ninguém que ajudasse o povo de Laís; primeiro, porque estava muito longe dos sidônios - irmãos de raça; segundo, porque não tinha trato com nenhum outro povo. A cidade estava localizada no vale de Bete-Reobe. A tribo de Dã reconstruiu a cidade, que recebeu daí por diante o nome de Dã, em homenagem ao pai da tribo, filho de Israel. Mas o nome anterior era Laís.

30 - A tribo de Dã instalou os ídolos que pertenceram a Mica, e nomeou Jônatas, filho de Gérson e neto de Manassés, sacerdote - ele e os filhos dele. Deste modo, eles foram sacerdotes dos danitas até à data em que foram levados para o cativeiro.

31 - Assim os ídolos que tinham sido de Mica foram adotados pela tribo de Dã durante todo o tempo em que o Tabernáculo esteve em Silo.

Capítulo 19

Juízes 19



1 - NAQUELE TEMPO em que Israel ainda não tinha rei, um homem da tribo de Levi morava aqui e ali, na região montanhosa de Efraim. Um dia ele levou para viver com ele como esposa uma jovem de Belém, do território de Judá.

2 - Mas a mulher foi infiel e acabou voltando para Belém, para a casa dos pais dela. E ficou lá uns quatro meses.

3 e 4 - O marido partiu para lá, levando um criado e dois burros. Foi com a intenção de reconquistar o afeto dela, querendo que voltasse com ele. Quando chegou, a mulher fez que ele entrasse em casa. Apresentado ao pai dela, este mostrou satisfação, e insistiu com ele que se hospedasse ali por algum tempo. Ele aceitou. Passaram juntos três dias.

5 a 8 - No quarto dia, já estavam de pé bem cedo, e prontos para partir. Mas o pai da moça insistiu em que tomassem o café da manhã primeiro. O genro cedeu, e ali ficaram a comer juntos. Depois o sogro pediu que ficassem mais aquela noite. Foi preciso insistir muito, mas o levita acabou ficando, No dia seguinte, tornaram a levantar de madrugada, para a viagem. Más o sogro tornou a insistir, agora dizendo que seria melhor que saíssem à tardinha. Outra vez a viagem foi adiada, e eles comeram juntos.

9 - Mais tarde, o hóspede começou os preparativos finais para partir com a mulher e o criado, mas o hospedeiro tornou a pedir que ficassem, dizendo: "Olhe aí; o dia já vai descambando para o fim. Passe aqui a noite, para que o seu coração se alegre! Amanhã de madrugada vocês poderão ir para casa.

10 - Mas dessa vez o homem estava mesmo decidido a partir sem passar mais uma noite ali - e foi o que fez. Ele, a mulher, o criado e os dois animais de carga aparelhados conseguiram chegar perto da cidade de Jerusalém (também chamada Jebus) antes de escurecer.

11 - Disse o criado: "É muito tarde para continuar viajando. É bom passar a noite ali, na cidade dos jebuseus."

12 e 13 - "Não," disse o amo, "não vamos ficar numa cidade como essa, O povo dali não pertence a Israel. Vamos continuar. Passaremos a noite em Gibeá ou em Ramá.

14 - Continuaram, pois. Ao pôr-do-sol eles estavam chegando em Gibeá, cidade pertencente à tribo de Benjamim.

15 - Como ninguém ofereceu hospedagem, ficaram na praça da cidade, para pernoita! ali.

16 - Quando já estava anoitecendo, chegou à cidade um homem idoso que vinha do trabalho do campo. Ele era da região montanhosa de Efraim, mas estava morando no território de Benjamim.

17 - Passando pela praça, e vendo aquelas pessoas alojadas ali, perguntou donde vinham, para onde iam.

18 e 19 – "Vamos indo de Belém de Judá para a nossa casa," respondeu o levita "Moramos na distante região montanhosa de Efraim, perto de Silo, onde está e Tabernáculo. Para lá vamos. Aqui ninguém ofereceu alojamento para nós. E olhe! Temos suprimentos para nós e para os animais. Não temos falta de nada."

20 - "Estejam tranqüilos," disse o homem, "vocês vão ser meus hóspedes. Terão tudo que for preciso. Mas ficar aqui na praça, não!"

21 - E se bem falou, melhor fez: levou todos para a casa dele, deu pasto aos animais, enquanto os hóspedes se lavavam descansavam. Depois jantaram juntos.

22 - Justamente quando estavam no melhor da refeição e da prosa, um bando de gente perversa rodeou a casa, batendo à porta gritando ao velho dono da propriedade "Traga para fora o homem que está ai! Queremos abusar dele!"

23 e 24 - O dono da casa saiu e falou com eles: "Meus irmãos, não façam essa loucura," suplicou. "Aquele homem é meu hóspede! Eu trago aqui a minha filha virgem, e a mulher dele, e vocês poderão abusar delas como quiserem. Mas não façam essa loucura com o meu hóspede!"

25 e 26 - Porém eles não deram ouvidos. Então ele entregou a mulher do levita àqueles homens. Abusaram dela a noite inteira. Aos primeiros sinais do novo dia, eles foram embora, e deixaram a mulher caída junto da porta da casa. Ali ficou largada, até que clareou o dia.

27 e 28 - Quando o marido se levantou de manhã e abriu a porta, deu com ela ali com as mãos na soleira da porta. Falou com a mulher, querendo ir embora da quele lugar, mas não teve resposta: Estava morta! Então o levita ajeitou o corpo dela sobre um dos burros, e recomeçou a viagem para a casa dele.

29 - Chegando em casa, pegou um facão e cortou o corpo da mulher em doze partes. Depois mandou uma parte para cada tribo de Israel.

30 - Os israelitas ficaram revoltados, quando souberam o que tinha acontecido. Toda nação de Israel reagiu fortemente contra o crime horroroso praticado por aqueles homens de Benjamim. "Nunca se viu coisa tão horrível, desde que Israel saiu do Egito!" toda gente exclamava. "Temos de fazer alguma coisa!"

Capítulo 20

Juízes 20



1 a 3 - A NAÇÃO DE Israel inteira mandou então reunir em assembléia oficiais e tropas num total de quatrocentos mil soldados - que todos estivessem com um só pensamento, na presença do Senhor, em Mispa. Mesmo de lugares distantes como as terras de Dã e Berseba, como também de Gileade, do outro lado Jordão, foram homens a Mispa. A notícia de convocação dos soldados israelitas chegou logo ao conhecimento da tribo de Benjamim. Os oficiais de Israel chamaram o marido da mulher que fora morto e perguntaram a ele o que tinha acontecido.

4 a 7 - "Eu e minha mulher chegamos uma noite em Gibeá, cidade situada no território de Benjamim," começou ele. "Naquela mesma noite os homens de Gibeá rodearam a casa em que estávamos. Queriam matar-me. Eles abusaram minha mulher, e de tal modo que ela morreu! Então, cortei o corpo dela em doze partes, e mandei as partes a todos os territórios de Israel - pois foi terrível o crime praticado por aqueles homens! Agora, filhos de Israel, peço que me aconselhem! "

8 a 10 - Como um só homem responderam todos: "Nenhum de nós vai voltar para casa, enquanto não castigarmos a cidade de Gibeá! Separaremos por sorteio a décima parte do exército, para ficar encarregada da alimentação das tropas, e os restantes irão destruir Gibeá pela coisa horrível que fez!"

11 - Assim toda a nação ficou unida para esta ação contra aquela cidade.

12 a 16 - Mensageiros foram enviados a seguir à tribo de Benjamim, com este recado: "Vocês têm idéia da coisa horrível que gente da sua tribo fez? Agora, entreguem a nós aqueles homens perversos de Gibeá, para que sejam mortos. Assim Israel ficará livre da mancha daquele terrível mal!" Mas o povo de Benjamim não quis dar ouvidos aos demais israelitas, irmãos dele. Em vez disso, mandou a Gibeá vinte e seis mil soldados, reunidos das várias cidades do território. Eles reforçaram a defesa da cidade de Gibeá, juntando forças com os setecentos melhores soldados daquela cidade. E ficaram prontos para combater o restante de Israel. Entre eles existiam setecentos homens muito hábeis, e eram canhotos, e conseguiam atirar com a funda e acertar num fio de cabelo, sem errar nem uma só vez!

17 - O exército formado pelas outras tribos de Israel somava quatrocentos mil soldados.

18 - Antes de atacar, os israelitas foram a Betel, para pedir conselho a Deus. "Que tribo irá na frente para lutar contra Benjamim? - perguntaram. E o Senhor respondeu: "Judá irá primeiro".

19 a 21 - Assim o exército de Israel saiu bem cedo no dia seguinte, para atacar os homens de Benjamim. Mas os homens que defendiam a cidade reagiram, saíram a campo, e mataram vinte e dois mil israelitas naquele dia.

22 e 24 - Então os israelitas choraram diante do Senhor até o escurecer, e perguntaram: "Senhor, devemos continuar lutando contra nosso irmão Benjamim?" O Senhor respondeu que sim. Com isso os homens de Israel ficaram cheios de coragem e no dia seguinte voltaram a enfrentar os benjamitas, no mesmo lugar da batalha anterior.

25 - Pois também dessa vez saíram a campo os homens de Benjamim, e mataram mais dezoito mil homens, todos experimentados na guerra!

26 a 28 - Todo Israel foi então a Betel e ficou chorando e jejuando na presença do Senhor, até à tarde; e apresentaram ao Senhor sacrifícios queimados e ofertas de paz. A Arca do contrato do Senhor estava em Betel naqueles dias. O sacerdote em exercício era Finéias, filho de Eleazar e neto de Arão. Os homens de Israel perguntaram ao Senhor: "Devemos sair de novo a pelejar contra o nosso irmão Benjamim, ou devemos desistir?" E disse o Senhor: "Vão lutar amanhã. Eu farei com que vocês vençam".

29 e 30 - O exército de Israel pôs emboscadas em redor de Gibeá. Ao terceiro dia, atacaram usando a mesma formação empregada nas outras vezes.

31 - Quando o exército de Benjamim saiu da cidade para o combate, os outros israelitas bateram em retirada, perseguidos pelos benjamitas - que assim foram sendo levados para longe da cidade. Nessa perseguição, os homens de Benjamim mataram uns trinta soldados de Israel, ao longo da estrada que liga Betel a Gibeá,

32 - Então os soldados de Benjamim gritaram: "Vejam! Eles estão sendo derrotados como das outras vezes!" Mas os exércitos de Israel combinaram continuar fugindo, para atrair os adversários para bem longe da cidade.

33 e 34 - Quando as forças de Israel chegaram a Baal-Tamar, voltaram e atacaram os perseguidores. Ao mesmo tempo, os dez mil homens que estavam escondidos perto da cidade, saíram da emboscada, e também atacaram os defensores de Gibeá. A luta foi violenta. Entretanto, os benjamitas não perceberam que estavam prestes a sofrer desgraça total. 35 a 39 - Então o Senhor deu mão forte a Israel, e os exércitos de Israel mataram naquele dia vinte e cinco mil e cem soldados de Benjamim, restando uns poucos apenas. Eis uma narração resumida da batalha: O exército de Israel fez retirada, fugindo dos homens de Benjamim, para dar mais campo às manobras dos soldados emboscados. Ao matarem uns trinta israelitas, os homens de Benjamim ficaram confiantes - certos de que iriam repetir as proezas anteriores, derrotando os adversários. Mas aconteceu que os homens que estavam emboscados, correram para Gibeá, mataram os moradores todos, e puseram fogo na cidade. A grande coluna de fumaça que subiu ao céu foi o sinal previamente combinado, para Israel voltar e atacar o exército de Benjamim.

40 - Quando os benjamitas viram os perseguidos voltando para fazer o ataque, olharam para trás e viram a nuvem de fumo, da cidade incendiada.

41 - Aí entenderam que a calamidade vinha sobre eles. Aflitos, sofrendo muitas perdas, correram para o deserto.

42 - Mas os israelitas foram em cerrada perseguição deles. Além disso, os homens que tinham estado na emboscada, voltaram da cidade destruída, e foram atacando e matando os fugitivos pelo outro lado.

43 - Cercaram os homens de Benjamim, a leste de Gibeá. Quando eles pararam para descansar, os israelitas chegaram e mataram a maior parte deles.

44 - Morreram na batalha daquele dia dezoito mil soldados de Benjamim. 45 - Os restantes fugiram para o deserto, em direção à rocha de Rimom. Mas durante a fuga, foram mortos uns cinco mil homens e, continuando a perseguição, ainda foram mortos mais dois mil homens, perto de Gidom.

46 e 47 - Dos homens de Benjamim, morreram aquele dia vinte e cinco mil valentes soldados. Escaparam somente seiscentos homens. Eles conseguiram chegar à rocha de Rimom, e viveram ali quatro meses.

48 - Então o exército de Israel voltou ao território de Benjamim e matou todos os que restavam - os homens, e as mulheres e o gado - e lançaram fogo a todas as cidades e vilas que encontraram!

Capítulo 21

Juízes 21



1 e 2 - OS HOMENS DE Israel tinham feito solene promessa em Mispa, de que nunca haveriam de deixar as filhas casarem com homens da tribo de Benjamim. E agora ali estavam eles em Betel, e ficaram reunidos na presença de Deus até a tarde. E choraram amargamente.

3 - "Ó Senhor, Deus de Israel," clamaram eles, "por que aconteceu isto em Israel, que agora ficou sem uma das tribos?!"

4 - Na manhã seguinte, levantaram cedo, construíram um altar, e nele ofereceram sacrifícios queimados e ofertas de paz.

5 - E começaram a dizer uns aos outros: "Será que alguma povoação - de todas as tribos de Israel - deixou de mandar representantes à assembléia realizada na presença do Senhor, em Mispa?" Pois, naquela ocasião tinham tomado solene compromisso de que seria morto quem não atendesse à convocação.

6 e 7 - Todos os israelitas estavam profundamente tristes pelo que acontecera aos benjamitas. "Eliminada!" - diziam para si mesmos. "Uma tribo inteira foi varrida, foi eliminada! E como poderemos conseguir esposas para os poucos homens de Benjamim, que sobreviveram? Pois tomamos o Senhor por testemunha de que não deixaríamos nossas filhas casarem com eles! "

8 e 9 - Depois tornaram a pensar na promessa feita, de que seriam mortos os que não tivessem atendido à convocação para reunião feita diante do Senhor, em Mispa. E verificaram que da cidade de Jabes-Gileade, ninguém tinha comparecido à assembléia.

10 e 11 - Assim mandaram para lá doze mil soldados, dos melhores que tinham. Eles foram com a ordem de matar todos os moradores de Jabes-Gileade, homens, mulheres e crianças - menos as moças virgens, em idade própria para o casamento.

12 - Executada a ordem, os soldados encontraram entre os moradores de Jabes-Gileade quatrocentas moças virgens. Elas foram levadas para o acampamento em Silo.

13 - Então Israel mandou mensageiros aos homens de Benjamim que estavam na rocha de Rimom. Cumprindo a missão, os mensageiros proclamaram paz aos sobreviventes.

14 e 15 - Os homens de Benjamim voltaram imediatamente junto com os mensageiros. Quatrocentos deles casaram com as jovens trazidas de Jabes-Gileade. Mas o número delas não foi suficiente para todos os benjamitas. Isto despertou outra vez a grande tristeza dos israelitas porque, diziam, o Senhor tinha aberto uma brecha nas tribos de Israel.

16 a 18 - "Que havemos de fazer," perguntaram os oficiais de Israel, "para conseguir esposas para os outros? Pois todas as mulheres da tribo de Benjamim foram mortas! Temos de arranjar um jeito de resolver isto, para evitar que uma tribo inteira desapareça para sempre! Uma coisa não podemos fazer: deixar que nossas filhas casem com eles. Não, porque prometemos isto solenemente, na presença do Senhor. Assim, quem romper a promessa estará debaixo da maldição de Deus!"

19 - Nisso alguém lembrou aos demais a festa religiosa anual, realizada nos campos de Silo, entre Lebona e Betel, ao longo da margem leste da estrada que vai de Betel a Siquém.

20 e 22 - Então deram a seguinte autorização aos homens de Benjamim: "Vocês podem ficar de emboscada nas plantações de uvas. Fiquem atentos. Quando as moças de Silo saírem formando as rodas de danças, saiam vocês dos esconderijos e levem as moças para as terras de Benjamim - uma para cada um - para serem suas esposas! E quando os pais e irmãos delas vierem apresentar queixa, nós diremos a eles: "Por favor, sejam compreensivos! Na guerra contra Jabes-Gileade não conseguimos mulheres suficientes para eles; e vocês não puderam dar as suas filhas em casamento, a eles - porque, se fizessem isso, estariam condenados!'"

23 – Os homens seguiram a orientação dada e raptaram as moças que estavam tomando parte na festa, e fugiram com elas para as terras de Benjamim. Ali reedificaram as cidades e moraram nelas.

24 - Então os israelitas voltaram para casa - cada um para a sua tribo e família e propriedade.

25 - Naquele tempo Israel não tinha rei. Cada um fazia o que achava que estava certo.